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Escutas flagram servidor do TCE articulando “gato” em energia
Interceptações telefônicas feitas pelo Grupo de Atuação Especial Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) flagraram o servidor Cláudio Sassioto, do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), articulando um “gato” [furto de energia elétrica].
As escutas foram autorizadas pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital. Sassioto está preso no Centro de Custódia da Capital (CCC) desde o dia 20 de junho, por conta da Operação Convescote.
A operação apura o desvio de mais de R$ 3 milhões dos cofres públicos, por meio de convênios firmados entre a Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual (Faespe) com a Assembleia, Tribunal de Contas do Estado (TCE), Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) e Prefeitura de Rondonópolis.
A fundação, por sua vez, criava “empresas fantasmas” para simular a prestação de serviços.
Além do “gato”, Sassioto também teve interceptadas conversas em que falava sobre as rinhas de galo das quais participava. O local das rinhas foi interditado pelo Gaeco e os animais, encaminhados às autoridades competentes.
Conforme o relatório de interceptação, no dia 21 de outubro de 2016, Cláudio Sassioto ligou para um homem não identificado, chamado pelo servidor de “Chure”.
Na conversa, eles comentaram sobre a possibilidade de alteração do padrão comercial e residencial (furto de energia elétrica), atividade ilegal conhecida popularmente como “gato”.
Chure: “Hein, Cláudio deixa eu te falar pra você. Eu expliquei pra você como é que tem que ser feito né, vai ter que tirar esse relógio e levar lá dentro da Cemat. É bom fazer agora depois que for ligar o negócio (…) vai ter que tirar e levar no laboratório para os caras lá, para o menino mexer nele e você acerta com ele aí”.
O servidor do TCE então pergunta quanto Chure acha que vai ser cobrado pelo serviço.
Chure: “(…) vai entrar mais gente na parada (…) vai ser uns milão [mil reais]”
Claudio: “Lá vai ser uns mil, você acha?”.
Chure: “É uns mil, ele vai cobrar. Eu tô achando por baixo, porque eu falei que você é colega meu, né?”.
Cláudio: “E aqui na minha casa aqui é baratinho, né?”.
Chure: “Não, aí é baratinho depois aí você conversa com ele pessoalmente que é bom. Eu tô falando porque esse telefone aqui é de boa, né?. Só não é para conversar com ele pelo celular. Ele vai aí na hora que você ligar pra ele. Se quiser o número dele, pode ligar pra ele. Na hora que você tiver aí ele vai aí.”
Cláudio Sassioto então pede o número da pessoa que irá mexer no relógio do padrão.
“Mas não conversa nada sobre isso no celular, o nome dele é Luciano”, disse Chure.
Chure também recomendou que Cláudio dissesse que é seu amigo quando entrasse em contato com Luciano, porque assim Luciano iria no mesmo dia para tirar o padrão de energia.
O esquema
De acordo com o Gaeco, os alvos da primeira fase da Convescote, deflagrada no último dia 20, desviaram mais de R$ 3 milhões dos cofres públicos.
O esquema de desvios de recursos, segundo as investigações, era viabilizado pelos pagamentos que órgãos como a Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas, além da Secretaria de Infraestrutura (Sinfra) e Prefeitura de Rondonópolis, faziam por meio de convênios com a Faespe para prestação de serviços diversos.
A Faespe, por sua vez, subcontratava empresas (algumas delas “fantasmas”), cujos serviços eram pagos com dinheiro público.
Porém, conforme o Gaeco, quem atesta as notas fiscais dos mencionados “serviços” era um funcionário da própria Faespe e não um servidor público escalado para fiscalizar e supervisionar citados convênios.
Foram alvo de mandados de prisão preventiva: Claudio Roberto Borges Sassioto, Marcos Moreno Miranda, Luiz Benvenuti Castelo Branco de Oliveira, Jose Carias da Silva Neto Neto, Karinny Emanuelle Campos Muzzi de Oliveira (que conseguiu prisão domiciliar), João Paulo Silva Queiroz, José Antônio Pita Sassioto, Hallan Goncalves de Freitas, Marcos Jose da Silva, Jocilene Rodrigues de Assunção e Eder Gomes de Moura.
Dos presos, quatro já conseguiram deixar a cadeia. Karinny Emanuelle Campos Muzzi de Oliveira, Jocilene Rodrigues de Assunção e Marcos Moreno Miranda tiveram as prisões preventivas convertidas em domiciliares, por decisão da juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.
Já João Paulo Silva Queiroz conseguiu liberdade com tornozeleira eletrônica, também por decisão da magistrada.
Na 2ª fase da operação, foram alvos das buscas e conduções: Elizabeth Aparecida Ugolini (funcionária do Sicoob); Odenil Rodrigues de Almeida (assessor do deputado Guilherme Maluf); Tscharles Franciel Tschá (ex-secretário-geral da Assembleia); Eneias Viegas da Silva (diretor financeiro do Tribunal de Contas do Estado); Fabricio Ribeiro Nunes Domingues; Alysson Sander Souza (ex-adjunto de Infraestrutura da antiga Secopa); Marcelo Catalano Correa (servidor do TCE); Nerci Adriano Denardi (ex-comandante geral da PM); Drieli Azeredo Ribas (ex-servidora da Assembleia); Maurício Marques Junior (servidor do TCE); Sued Luz (assessor do deputado Guilherme Maluf); e Alison Luiz Bernardi (coronel da PM).
Texto: MidiaNews