Esquema com deputados de MT foi confirmado por irmão de Silval

O esquema de corrupção no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MT), alvo da Operação Bereré, delatado pelo ex-presidente da autarquia, Teodoro Lopes, o “Dóia”, foi confirmado no ano passado pelo empresário Antonio Barbosa, irmão do ex-governador Silval Barbosa.

A operação foi deflagrada na manhã desta segunda-feira (19) pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), com base em investigações da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Administração Pública e Ordem Tributária (Defaz) e Naco Criminal (Núcleo de Ações de Competência Originária) do Ministério Público Estadual (MPE).

Foram alvos de busca e apreensão o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), o deputado Mauro Savi (PSB) e o ex-deputado federal Pedro Henry, além de servidores públicos e empresários, a exemplo de Valdir Daroit, que reside em Sorriso.

Em sua delação, Dóia revelou que as empresas FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação Ltda. (que agora usa o nome de EIG Mercados Ltda.), e a Santos Treinamento Ltda. (que tinha Botelho como sócio), teriam sido usadas para lavar dinheiro no esquema, iniciado em 2009.

A informação foi confirmada no ano passado por Antonio Barbosa em sua colaboração premiada firmada com a Procuradoria-Geral da República e homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Esquema de propina

Antonio Barbosa contou que, em 2010, um representante do então deputado federal Pedro Henry compareceu em seu escritório e perguntou se ele sabia do “retorno” dos valores pagos à empresa FDL.

A empresa, conforme o MPE, recebia cerca de R$ 24 milhões por ano. Posteriormente, o empresário disse que se reuniu com Henry, ocasião em que o parlamentar deu detalhes “de como funcionavam os serviços prestados pela empresa e como seria feito o pagamento de propina, caso ele aceitasse”.

“Na reunião, foi explicado que uma empresa de Brasília (FDL) tinha a concessão e repassava a propina através de uma empresa prestadora de serviços em Cuiabá, por meio de ‘laranjas’ dos políticos beneficiados pelo esquema”.

Conforme o irmão de Silval, dentre os beneficiados pela propina estavam os deputados Mauro Savi e Eduardo Botelho, além do próprio Pedro Henry.

“Assim que aceitei receber os valores, após a reunião com o deputado federal Pedro Henry, recebi no primeiro mês a importância de R$ 100 mil, que se repetiu mais uma vez, no mês seguinte”.

Depois disso, Toninho contou que indicou uma terceira pessoa para continuar a receber os repasses da propina em nome de Silval.

“A partir daí os valores passaram a girar em tomo de aproximadamente R$ 80 mil líquidos mensais, valores estes utilizados para parte do pagamento dos valores devidos pela compra da fazenda AJ, que era do conselheiro do TCE Antônio Joaquim (fazenda relacionada na lista de bens e já vendida)”, disse.

A compra da fazenda em questão foi citada por Silval em depoimento. Ele disse que a adquiriu com dinheiro de propina de empresas, em parceria com o empresário Wanderley Torres, da Trimec, mas que apenas Wanderlei constava como proprietário na documentação, no intuito de ocultar Silval.

O conselheiro Antônio Joaquim negou ter ciência de que o ex-governador seria “sócio oculto” de Wanderley na compra da área. Saiba mais aqui.

Texto: Lucas Rodrigues/Mídia News