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“Eu recebia ordens de Silval; tinha ele como pai”, diz ex-assessor
O ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa, Silvio Araújo, reafirmou ter participado do esquema investigado na 1ª fase da Operação Sodoma, durante audiência que ocorre nesta segunda-feira (24).
Esta fase apura esquema consistente na exigência de propina de R$ 2,5 milhões ao empresário João Batista Rosa para a concessão de incentivos fiscais às empresas dele.
Os incentivos foram propositalmente concedidos de forma irregular para forçar o empresário a continuar pagando propina, sob ameaça de revogar os benefícios.
Parte do dinheiro (R$ 2 milhões) teria sido usada para quitar dívidas de campanha de Silval.
Silvio Araújo estava preso desde março de 2016, mas foi solto no mês passado, junto com Silval, após confessar os crimes e devolver um imóvel de R$ 472 mil aos cofres públicos.
O interrogatório é conduzido pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.
Confira detalhes da audiência:
Beneficiado (atualizada)
À juíza Selma Arruda, Silvio Araújo afirmou que foi beneficiado com R$ 25 mil, mas, neste caso, não sabia que era dinheiro de propina. O valor teria sido usado para custear uma cirurgia.
“Eu pedi realmente o dinheiro, os 25 mil, e ele [Silval] disse que ia depositar o dinheiro pra mim depois”.
O ex-assessor afirmou que passou seus dados para Silval fazer o depósito, porém, disse que realmente não imaginava que o ex-governador lhe passaria dinheiro ilícito.
“Achei que ele iria tirar dos ganhos pessoais dele, salário, pela proximidade que nós tínhamos. Era uma relação de amizade. Não sabia dessas propinas. Eu desconfiava, mas do fundo do meu coração achava que seria dele”.
“O Silval me emprestou os R$ 25 mil. Eu ainda não paguei, mas não sabia que era de propina. Na hora pedi uma ajuda, eu tinha ele como um pai, então eu pedi uma ajuda dele”.
“Recebia propina” (atualizada)
Silvio Araújo, todavia, confessou que pertencia a uma organização criminosa e que “recebia ordens do Silval”. Ele ainda explicou a participação dos ex-secretários Pedro Nadaf (Casa Civil) e Marcel de Cursi (Fazenda) no esquema, assim como do procurador aposentado Chico Lima.
“O Pedro Nadaf era meio próximo e foi incumbido de receber e pagar algumas coisas. Receber propina para contas de campanha, pode ter sido pessoal também, ou os dois juntos. O Marcel recebia ordens do Silval também”.
“O Chico era quase a mesma função do Pedro. Ele arrumava o dinheiro pra pagar as contas. Eu conheci o Chico Lima na Casa Civil. Ele estava ali pra acompanhar os processos de perto e agilizar tudo. A Karla [Cintra, ex-assessora de Nadaf e delatora] eu não a conheço, conheci aqui na audiência, não sei o que ela fazia. Eu desconheço qualquer ato dela”.
Em outras situações, o ex-assessor afirmou que chegou a receber propina de empresários e de agentes públicos.
“Eu recebi propina direto de empresários e também de agentes públicos. A maioria dos pagamentos eram feitos pessoalmente”.
O depoimento foi encerrado.
Sodoma 1
São réus na ação penal da Sodoma 1: o ex-governador Silval Barbosa; os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf e Marcel de Cursi; o procurador aposentado do Estado, Francisco Andrade de Lima Filho, o “Chico Lima”; Sílvio Cézar Corrêa Araújo, ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa; e Karla Cecília de Oliveira Cintra, ex-secretária de Nadaf na Fecomércio.
Eles respondem pelos crimes de organização criminosa, concussão, extorsão e lavagem de dinheiro.
Ao receber a denúncia, a juíza Selma Arruda relatou que, segundo o MPE, o empresário e delator João Batista Rosa foi obrigado a abrir mão de um crédito de R$ 2 milhões que suas empresas tinham direito, para poder incluir as mesmas no Prodeic, programa que concede benefícios fiscais.
Após, ele teve que pagar propinas mensais ao grupo comandado por Silval, Nadaf e Cursi porque, segundo ele, percebeu “que havia caído em uma armadilha ao abrir mão do crédito de ICMS, eis que tal renúncia é irretratável”.
Os pagamentos totais das propinas, conforme a denúncia, chegaram a R$ 2,5 milhões e teriam sido exigidos por Pedro Nadaf a mando de Silval Barbosa, no intuito de saldar dívidas de campanha do ex-governador.
Selma Arruda ainda destacou a participação da ex-secretária da Fecomercio, Karla Cintra, acusada de ter se prestado a receber os valores pagos a título de propina, por meio de empresa a qual era sócia, a mando de Nadaf.
Já o ex-procurador Chico Lima foi descrito pela magistrada como o integrante que tinha o papel de promover a lavagem de dinheiro, por ordem de Silval Barbosa, junto a uma empresa de factoring.
“Francisco, a mando de Silval e em comunhão de ações com os demais, teria efetuado pessoalmente as trocas dos primeiros cheques recebidos pela organização na factoring referida (FMC), no total de R$ 499,9 mil, dividida em 6 cheques de valores iguais”, narrou.
O ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa, Silvio Araújo, também passou a ser réu em razão de supostamente ter recebido R$ 25 mil do dinheiro da propina, o que, em tese, configura lavagem de dinheiro.
Texto: Mídia News