Ex-assessor de Savi seria conhecido como “Vampiro do Detran” e pressionava

O ex-assessor parlamentar do deputado estadual Mauro Savi (PSB), Dauton Luiz Santos Vasconcelos, seria conhecido como o “Vampiro do Detran”. O termo é encontrado em denúncia enviada ao Ministério Público Federal (MPF), que em 2011 começou a investigar suspeita de irregularidades na autarquia, então presidida por Teodoro Moreira Lopes, o Dóia.

A investigação, no entanto, foi encaminhada ao Ministério Público Estadual (MPE), que tinha a competência de apurar eventuais crimes, em 2012. Tais denúncias contribuíram para a deflagração da Operação Bereré – realizada em 19 de fevereiro deste ano, que apura suposto esquema de fraude a licitação e pagamento de propina na autarquia.

De acordo com a denúncia ao MPF que o  teve acesso, Dauton, que na época era chefe de gabinete de Savi, estava “pilhando” empresas que prestavam serviços ao Detran, recebendo propinas bilionárias e enriquecendo ilicitamente “as custas do dinheiro público”. Segundo a acusação, na época, ele já teria conseguido levantar dinheiro suficiente para o deputado comprar uma fazenda, utilizando um contrato de arrendamento, para disfarçar a negociata.

Ainda na denúncia, Dauto já teria comprado um Corolla do ano e colocado no nome de sua esposa. Morava no Residencial Canachuê, mas havia adquirido um apartamento de R$ 700 mil no bairro Santa Rosa, em Cuiabá.

Alvo da Bereré

Na operação, Dauton, que é lotado no gabinete do presidente Eduardo Botelho (PSB), foi um dos 49 nomes em que o MPE requereu a decretação de prisão temporária. O pedido, no entanto, foi negado pelo desembargador José Zuquim, do Tribunal de Justiça.

Conforme a investigação, no acordo de colaboração premiada (delação), Dóia afirmou que no fim de 2010, quando ainda era presidente do Detran, tentou ajustar o contrato com a empresa FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação de Documentos Ltda. – atual EIG Mercados Ltda. -, que pagava propina à organização criminosa liderada por Savi.

No entanto, o ex-presidente revela que Dauton, atuando em nome de Savi, ameaçou retirá-lo do cargo, no qual foi nomeado por indicação do parlamentar, que teria grande influência na autarquia. Dauton ainda teria participado da intensa movimentação bancária que, de acordo com o MPE, tentou esconder os desvios feitos na autarquia.

Bereré

O MPE afirma que o esquema de fraude em licitação e pagamento de propina no Detran foi definido em uma reunião no gabinete de Savi, que detinha grande poder de influência na autarquia. Nela, ficou acertado direcionamento da licitação para que a FDL fosse contratada, além do esquema de pagamento de propina para a organização criminosa, liderada por Savi, Dóia, o presidente da Assembleia Eduardo Botelho (PSB), o ex-governador Silval Barbosa e o ex-deputado federal Pedro Henry.

Para a operacionalização do esquema e tentativa de lavar o dinheiro oriundo da autarquia, a empresa de fachada Santos Treinamento, na qual Botelho foi sócio, foi criada e contratada pela FDL.

Texto: Airton Marques/RDNews