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B.O aponta que PM que imobilizou jornalista teria ameaçado ex-esposa antes da confusão
O caso envolvendo a jornalista Nildes Souza, de 37 anos, detida da Praça Popular pela primeira vez no dia 11 deste mês, teve uma reviravolta. Isso porque um boletim de ocorrência registrado pela ex-esposa do policial confirma a versão do depoimento de Nildes de que o agente da Polícia Militar Marcos Silva Matos teria feito ameaças à ex-companheira antes do alvoroço.
Três dias depois da primeira prisão da jornalista, a ex-companheira do policial buscou ajuda da Patrulha Maria da Penha, um programa de policiamento que visa combater crimes de violência doméstica. Em conversa com os agentes do programa, a mulher contou que estaria em processo de separação após 14 anos de relacionamento com o cabo Marcos Silva Matos.
No entanto, no dia 11 a vítima estaria no bar localizado na Praça Popular, em uma confraternização com amigos e familiares, quando o ex teria passado no local e a avistado. Diante disso, ele teria passado a enviar mensagens via rede social, em que fazia ameaças caso ela não saísse do estabelecimento para falar com ele.
Algumas pessoas teriam presenciado as ameaças do policial. Uma das pessoas que soube da situação teria sido a jornalista Nildes, que jogou um copo de cerveja no rosto do militar e acabou presa.
Com a confusão, a ex-esposa do policial teria deixado o local. Porém, na manhã do dia seguinte, por volta das 7h30, Marcos teria ido até a casa dos pais dela e feito mais ameaças. O agente teria dito que se ela não fosse conversar com ele, iria invadir a casa e matar os familiares da vítima, inclusive os dois filhos do casal.
Com medo, a mulher atendeu o pedido do ex, mas acabou sendo agredida com socos e enforcamentos, além de ter uma arma apontada para sua cabeça. Por aproximadamente três horas, o PM teria mantido a mulher sob ameaças de morte e obrigado que ela ligasse para as testemunhas, para que elas pedissem desculpas a ele por causa da confusão ocorrida no bar.
A mulher afirma que não teria denunciado Marcos antes porque o policial tem arma e temia pela vida dos familiares. A vítima estaria ferida e foi encaminhada até a Delegacia de Defesa da Mulher para registro da ocorrência.
Corregedoria irá apurar
A Corregedoria Geral da Instituição informou que recebeu a vítima que denunciou o policial por ameaça e violência doméstica. De imediato, instaurou um processo administrativo e nomeou um oficial superior para conduzir os trabalhos sobre o caso.
Versão da jornalista
Em depoimento dado à Polícia Civil logo depois da primeira prisão, a jornalista Nildes afirmou que teria conhecido a ex-mulher de Marcos no bar. “Que a referida mulher relatou que era mãe de dois filhos do PM, mas estava curtindo e dançando porque estão separados; que ela disse-lhe ainda que ele o ameaçava”, descreve o depoimento.
A jornalista teria ido tentar conversar com o policial, que também teria lhe ameaçado e dito que “quebraria a cara” de Nildes e da ex. A jornalista então teria relatado a situação para outra equipe da PM e teria sido ignorada.
Na sequência, teria entregado seus pertences pessoais para a ex de Marcos segurar, enquanto ela ia ao banheiro. Porém, a mulher teria ido embora neste intervalo de tempo. Indignada, ela teria ido pedir explicações ao policial, que era ex-marido da mulher, quando acabou sendo detida com truculência.
Versão do PM
Em depoimento, Marcos afirma que estava com sua equipe fazendo policiamento na Praça Popular, quando a jornalista teria jogado uma garrafa de cerveja contra a viatura. A equipe teria se aproximado para conversar com a mulher e ela teria começado a proferir palavras de baixo calão.
“Seus policiais de merda, meu pai é policial federal e vocês vão ver”, disse Marcos. Na sequência, ela teria arremessado um copo de cerveja no rosto do militar e recebido voz de prisão. Na ocasião, teria resistido, dado um pontapé e derrubado o agente no chão.
Relembre
O caso de Nildes ganhou repercussão depois que ela se envolveu em uma briga na Praça Popular, onde jogou um copo de cerveja no rosto de um policial, na segunda-feira (11). As imagens em que ela era imobilizada viralizaram nas redes sociais e ela acabou presa. Posteriormente, em audiência de custódia, ela teve a liberdade concedida, mediante uso de tornozeleira eletrônica e outras medidas impostas como, por exemplo, não frequentar bares e ir em reuniões do Alcoólicos Anônimos.
No entanto, na quarta-feira (13), ela acabou detida novamente. Conforme registro da ocorrência, uma equipe da PM foi acionada para atender uma ocorrência de desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito.
No mesmo bar onde foi presa pela primeira vez, os militares viram a jornalista ingerindo bebida alcoólica. Foi verbalizado e informado que ela estaria descumprindo ordem judicial e por este motivo, seria detida e conduzida até a delegacia.
Ainda conforme a PM, a jornalista estava com a tornozeleira eletrônica desligada. Ela foi ouvida no plantão da Central de Flagrantes e posteriormente liberada. O fato de a mulher estar com a tornozeleira desligada foi informado à Gerencia de Custódia do Sistema Penitenciário no Fórum de Cuiabá, para posterior comunicação ao Poder Judiciário, a quem cabe decidir as medidas cabíveis neste caso.
Também começaram a circular nas redes sociais imagens atribuídas a jornalista em que ela aparece em uma nova confusão, desta vez no bairro Jardim Potiguar, região do ‘Zero KM’, em Várzea Grande.
Novos vídeos que circulam pelas redes sociais mostram a mulher batendo em um homem, em um bar. A confusão, inicialmente, envolve várias pessoas. Porém, parece estar concentrado entre a jornalista e um homem com uma camisa de time.