Falha da ‘Taurus’ fere e mata policiais de Mato Grosso

Acidentes recorrentes, envolvendo diversos modelos de pistolas da marca Taurus, preocupam policiais militares e civis em vários pontos do país e também em Mato Grosso.

No Estado, há informações de pelo menos cinco episódios em que a arma falhou ou disparou sem ser acionada, colocando a vida do policial em risco e também de terceiros.

Em um dos casos, o soldado da Polícia Militar Élcio Ramos Leite morreu aos 29 anos. Ele participava de uma operação no CPA 3 e atirou em direção ao suposto criminoso e, como a arma travou, acabou sendo baleado e morto.

O último caso desse tipo atingiu o do soldado PM Weverton Silva, 28. No dia 11 deste mês, por volta das 19h, estava na casa de um amigo, com a namorada, batendo papo e quando levantou a arma disparou, atingindo a virilha e a nádega dele.

Duas semanas depois, resolveu tornar a ocorrência pública e participar de um grupo nacional que já articula mais de 100 vítimas das pistolas Taurus.

Sem medo de se expor, o PM Weverton conta que a bala transfixou e, devido à munição ser explosiva, deixou um rasgo de cerca de sete centímetros, próximo ao ânus. “Perdendo sangue, me levaram para a UPA, que era mais próxima, mas não tinha cirurgião, depois para o Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá, onde não tinha equipamentos para fazer exames e depois para o Hospital Jardim Cuiabá e depois para o Santa Rosa, onde finalmente fui atendido. Passei por cirurgia para costurar o rasgo e fiquei cinco dias internado. Já em casa, os pontos infeccionaram e eu tive que voltar para o hospital, porque o local é úmido. Tudo isso, fora o constrangimento de precisar da minha mãe para os curativos”, lamenta.

Weverton ressalta que no mesmo dia em que foi atingido a namorada de um militar daqui de Mato Grosso também foi.

O tenente Alexandre Fernandes de Castro, liderança da Associação das Vítimas de Disparos de Armas de Fogo sem Acionamento do Gatilho, em Goiás, ressalta que os profissionais da segurança querem providências imediatas, a suspensão da produção das pistolas na Taurus Brasil e que as forças da segurança pública substituam a Taurus por outra marca, antes que ocorram mais tragédias.

Situação local

Tenente Castro, liderança do movimento nacional contra o uso de pistolas da marca Taurus a trabalho, diz que vai fazer um levantamento do número real de vítimas em Mato Grosso e pedir providências locais.

O comandante da Polícia Militar, coronel Jorge Luiz, questionado sobre o problema, disse que desde quando está responsável pela instituição, essa reclamação não chegou formalmente a ele.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) ficou de repassar informações somente hoje (1°) devido ao recesso de Carnaval.

O tenente Castro ressalta que a busca é também por apoio político, porque segundo ele esta é uma luta contra o monopólio de armas e munições no Brasil. “Todos estamos obrigados a comprar Taurus ou Imbel. Só que a Imbel, que é do Exército brasileiro,
não dá conta de vender armas para o país todo, porque é indústria pequena, e só fabrica um tipo de arma de ação simples e as polícias usam armas de ação dupla”, comenta.

No caso dele, a arma caiu da mão e quase o matou. “Disparou na minha perna em 2013”, lembra.

A reportagem tentou ouvir a Taurus, mas não conseguiu falar pelos telefones da empresa disponíveis na internet.

Texto: Gazeta Digital