Falta de chuva prejudica produção e milharais são abandonados em MT

A falta de chuva prejudicou o que poderia ter sido uma das maiores safras de milho da história de Mato Grosso. Com a produtividade baixa, insuficiente para pagar a colheita, milhares de hectares do grão foram abandonados pelos agricultores. Juntas, as lavouras abandonadas somam 178 mil hectares, área maior do que a cidade de São Paulo.

O desempenho das lavouras de milho foi o pior em cinco anos e a produtividade média caiu mais de  30% em relação à última safrinha. Ao todo, este ano, as lavouras ocuparam 4,2 milhões de hectares, considerado uma área recorde.

Se o desempenho do campo houvesse sido igual ao do ano passado, quando a produtividade média foi de 108,6 sacas por hectare, a colheira passaria a marca de 27 milhões de toneladas do grão. No entanto, a produção caiu este ano para 75,9 sacas por hectare.

O problema, segundo os agricultores, é que o tempo não ajudou. A falta de chuva resultou no baixo desenvolvimento do milho, que não cresceu, não se desenvolveu e não produziu grão. O agricultor Luiz Bier conta que plantou 700 hectares em Gaúcha do Norte.

A colheita na fazenda dele terminou há mais de um mês, mais 230 hectares produziram tão pouco que não compensava gastar com a colheira. Por isso, parte considerável do milharal continua no campo.

“Hoje, o custo do diesel gira em torno de em saco por hectare. E essa área aqui não produz um saco por hectare. Então, mesmo não contando a depreciação de maquinário, a manutenção e não contando hora do operador, é uma área inviável. O prejuízo menor, hoje, é abandonar área”, avaliou.

Queda na produção
A região Nordeste de Mato Grosso foi a que mais sofreu com a seca durante a safrinha, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O instituto aponta que 18% dos milharais plantados na região foram abandonados por baixa produtividade. Mas, em todo o estado, as áreas abandonadas somam 178 mil hectares, o que é maior do que a cidade de São Paulo, que tem 152,3 mil hectares.

“ Nunca se teve uma área abandonada tão grande assim em Mato Grosso devido aos problemas climáticos. O impacto é grande, porque a gente tem mais de 4,2 % de área que não foi colhida, ou seja, a produtividade é zero”, afirmou o gestor técnico do Imea, Ângelo Ozelame.

Com esse impacto, a safra de milho em Mato Grosso terminou com uma produção de 19,3 milhões de toneladas, quase sete milhões a menos do que no ano passado. “ Se a gente olhar para cinco ou seis anos atrás, sete 7 milhões de toneladas era o que Mato Grosso produzia em um ano e, agora, a gente teve isso apenas de quebra”, analisou Ozelame.

Para os agricultores, o foco agora se torna a safra de soja, que começa nesta semana. A palhada dos milharais abandonados deverá ajudar, agora, na cobertura do solo. No entanto, para os agricultores, o sentimento ainda é de fracasso.

“A sensação é de fracasso e de impotência. Infelizmente, a gente não consegue controlar o clima, a chuva, mas mesmo assim a sensação é muito ruim”, disse Luiz Bier.

Texto: G1-MT