Família não consegue liberar corpo de motorista morto na BR-163 entre Sorriso e Lucas

Depois da morte do avô e do tio em um acidente de carro há mais de 20 anos, a família da paranaense Cristina de Alcântara Backes voltou a viver uma tragédia no trânsito. Ela perdeu o pai em uma colisão no último dia 15 de setembro, na BR-163, no km 712, entre Sorriso e Lucas do Rio Verde.

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Não bastasse a dor da perda, a burocracia trouxe ainda mais transtornos à família, que mora em Campo Mourão (PR). Apesar de a necropsia já ter sido feita, o corpo está há 18 dias na Politec de Sorriso e não pode ser liberado para o sepultamento, pois o exame de DNA – que confirmaria a identidade da vítima – ainda não foi feito.

Em razão do corpo ter sido carbonizado, é necessária a realização do exame. Porém, segundo a família, a Politec diz que não tem o reagente necessário para o exame.

Olívio Backes, de 53 anos, era caminhoneiro e morreu após se envolver num acidente com três carretas em um trecho da 163 entre Sorriso e Lucas do Rio Verde. O veículo em que ele estava pegou fogo.

O caminhoneiro, que morava em Campo Mourão, estava em Mato Grosso a trabalho. A carreta que ele dirigia colidiu na traseira de outra. Depois disso, um carro e outra carreta também se envolveram no acidente.

Cristina contou que foi até Sorriso no dia seguinte ao acidente para fazer a coleta da amostra de sangue para o DNA. Mas, desde então, tem vivido dias de tormenta por não conseguir uma resposta concreta por parte do órgão.

“Fui tirar material para fazer exame de DNA porque o corpo foi carbonizado. Até hoje estamos tentando fazer a liberação do corpo e eles nos falam que não há o reagente. Mas é muita conversa desencontrada. Primeiro disseram que não tinham. Depois falaram que compraram e que iam liberar na quarta-feira passada, mas já se passaram 18 dias e não temos uma posição de ninguém”, disse.

A filha ainda conta que, após perder o tio e o avô da mesma maneira, a avó, que tem 80 anos, não come e não dorme há dias esperando para pelo menos poder enterrar o filho.

“A mãe do meu pai tem 80 anos ela não está dormindo, não está comendo e cada dia fica mais fraca. A gente já perdeu o nosso avô e o irmão do meu pai também num acidente. Foi uma pancada na minha avó, na época, e agora ela vê outro filho indo da mesma maneira. Isso chega a ser desumano e cruel com a gente. Porque não conseguimos nem enterrar meu pai. É lógico que não vamos tê-lo de volta como queríamos, mas queremos pelo menos um enterro digno, ter um lugar para ir acender uma vela e rezar por ele”, disse emocionada.

“Mal súbito”

Cristina acredita que o pai tenha tido um mal súbito enquanto dirigia e que, por isso, colidiu na traseira do veículo da frente.

“Meu pai tinha 34 anos de profissão. Nós acreditamos que ele tenha tido um mal súbito, porque ele se preocupava muito com as pessoas, jamais iria colocar a vida de outros em risco se não tivesse acontecido algo com ele”.

Olívio estava em Sorriso havia três dias. No momento do acidente, estava indo realizar um carregamento de adubo em Nova Mutum.

As outras três pessoas que estavam nos outros veículos foram encaminhadas com ferimentos leves para uma unidade de saúde.

Outro lado

A Politec de Sorriso informou que a demora na liberação do corpo de Olívio depende do Laboratório Forense da Politec de Cuiabá, responsável pela realização do teste de DNA.

A Politec informou, ainda, que a demora pode chegar a cinco meses e que situações como a do corpo de Olívio não são incomuns.

“É um corpo totalmente carbonizado. Não tem como liberar sem o resultado do DNA. O exame já foi enviado na semana passada para Cuiabá e ainda não tem data para fazer a liberação. Isso pode demorar de um a cinco meses”, disse o técnico responsável, que não revelou seu nome.

Procurado, o representante do Laboratório Forense apenas confirmou que o exame ainda não pôde ser feito em razão da falta do reagente.

A entrega do produto pode demorar pelo menos dois meses.

Texto: MidiaNews com Portal Sorriso MT