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Geller e Rodrigo Figueiredo teriam recebido R$ 450 mil da JBS
A desembargadora federal Mônica Sifuentes, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, ao decretar a prisão do ex-ministro da Agricultura, Pecuparia e Abastecimento, Neri Geller (PP), citou que ele teria recebido R$ 250 mil da JBS em um esquema de R$ 30 milhões no Ministério da Agricultura, para dar benefícios às empresas do Grupo J&F.
As investigações da Polícia Federal também apontaram que o mato-grossense Rodrigo Figueiredo teria recebido R$ 200 mil. Geller preso nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira (9) pela PF na cidade de Rondonópolis (218 km de Cuiabá) e será levado à Brasília.
No pedido de prisão preventiva a desembargadora federal Mônica Sifuentes cita as investigações da PF, que apontaram que no início de 2014, Joesley Batista e Ricardo Saud, então executivos da J&F Investimentos, intermediados pelo então deputado Eduardo Cunha e pelo operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro, ofereceram ao então Ministro da Agricultura Antônio Andrade, ao seu sucessor no Ministério da Agricultura, Neri Geller, bem como ao Secretário Executivo do Ministério da Agricultura, Rodrigo Figueiredo, o pagamento de vantagem indevida.
O objetivo do pagamento era para que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento proibisse o uso de ivermectina, regulamentasse a situação dos despojos e aumentasse a exigência de condições para que frigoríficos constassem na chamada “Listão” de empresas de proteína animal aptas a exportar seus produtos, beneficiando as empresas do Grupo J&F.
Eduardo Cunha teria pedido o pagamento de propina de R$ 30 milhões, que foram repassados mediante cobertura por notas fiscais “frias” de serviços advocatícios não prestados por escritórios e consultorias de Minas Gerais.
Este valor foi repartido e o mato-grossense Rodrigo Figueiredo, ex-secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), teria recebido a quantia de R$ 200 mil.
Ainda de acordo com as investigações da PF, o então ministro Neri Geller recebeu de Florisvaldo Caetano de oliveira R$ 250 mil em 31 de outubro de 2014. Também consta que o então presidente da divisão de carnes da JBS, Renato Mauro Menezes Costa, além de ter conhecimento dos fatos envolvendo o pagamento de vantagens indevidas a servidores públicos, cujas funções são de interesse das empresas do grupo J&F, também atuava diretamente na deliberação da prática de tais atos ilícitos.
A operação
Agentes da Polícia Federal cumpriram, nesta sexta-feira (9), 19 mandados de prisão e 63 de busca e apreensão em seis estados. A operação batizada de ‘Capitu’ investiga suposto esquema de corrupção no ministério da Agricultura durante o governo da ex-presidente Dilma Roussef (PT).
Além de Geller, que foi ministro da Agricultura de março a dezembro de 2014, durante o governo Dilma, também foram detidos o vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade (MDB) e o executivo da JBS, Joesley Batista.
Os mandados foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Eles estão sendo cumpridos no Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba e Mato Grosso.
Batizada de Capitu, a operação é mais um desdobramento da Lava Jato. Ela foi baseada na delação do doleiro Lúcio Funaro. Segundo a PF, os detidos estão envolvidos em um esquema de arrecadação de propina dentro do Ministério da Agricultura para beneficiar políticos do MDB, que recebiam dinheiro da JBS, que pertencem aos irmãos Joesley e Wesley Batista, em troca de medidas para beneficiar as empresas do grupo.
Texto: Vinicius Mendes/Olhar Direto