Governo suspende prazo para concluir investigação contra tenente

O governador Pedro Taques suspendeu, por um período de 60 dias, o prazo para a conclusão das investigações contra a tenente Izadora Ledur de Souza, do Corpo de Bombeiros Militar.

A oficial é acusada de torturar o aluno Rodrigo Patrício Lima Claro, de 21 anos, que morreu em 2016, durante um treinamento da corporação. A decisão foi publicada por meio de portaria no Diário Oficial do Estado, neste sábado (2). A suspensão começou a valer no dia 14 de novembro.

Ledur tornou-se ré pela morte do jovem em julho deste ano, após a juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, aceitar denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) contra ela e os militares Marcelo Augusto Revéles Carvalho, hales Emmanuel da Silva Pereira, Diones Nunes Sirqueira, Francisco Alves de Barros e Eneas de Oliveira Xavier.

Conforme a portaria, a interrupção é para que o Conselho de Justificação, criado pela Corregedoria do Corpo de Bombeiros, conclua o inquérito de investigação, que não pôde ser realizado em razão de a tenente estar de licença médica novamente.

” O Governador do Estado de Mato Grosso, no uso de suas atribuições legais e tendo em vista o que consta no Ofício nº116/CG/2017, datado de 14 de novembro de 2017, e com base no artigo 11, parágrafo único, da lei nº 3.993, de 26 de junho de 1978, resolve sobrestar, pelo período de 60 dias, a contar a partir de 14 de novembro de 2017, o prazo para a conclusão dos trabalhos do Conselho de Justificação criado pelo Ato nº 18.200, de 31 de maior de 2017, instaurado em desfavor da Justificada 1º Ten BM Izadora Ledur Souza Dechamps, conforme justificativas constantes no Processo nº 618769/2017″, diz  o comunicado.

Esta é a sétima licença que Ledur tem concedida pela corporação, desde apenas 10 dias após a morte de Rodrigo Claro. A nova licença irá expirar no dia 13 de janeiro de 2018, e o Conselho deve dar novamente sequência nas investigações.

Se ficar comprovado que a tenente foi responsável pela morte de Rodrigo, as penas podem variar de advertência até a prisão.

Relembre o caso

A morte do aspirante Rodrigo Claro ocorreu no dia 15 de novembro de 2016, após intenso treinamento no Corpo de Bombeiros, na Lagoa Trevisan. Ele chegou a ser levado para o Hospital Jardim Cuiabá, na Capital, onde permaneceu internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por cinco dias.

Em depoimento, colegas de curso de Rodrigo informaram que ele vinha sendo submetido a diversos “caldos” e que chegou a reclamar de dores de cabeça e exaustão.

Ainda assim, ele teria sido obrigado a continuar na aula pela tenente, que na época era responsável pelos treinamentos dos novos soldados da corporação.

A tenente foi afastada da corporação logo após a morte de Rodrigo. No entanto, segundo o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Júlio Cézar Rodrigues, esta não foi a primeira vez que ela estava sendo investigada por cometer excessos nos treinamentos.

Da primeira vez ela foi acusada – em uma denúncia anônima ao Ministério Público Estadual (MPE) – de fazer pressão psicológica em alunos durante os treinos do 15º curso de formação dos bombeiros.

“Na época designamos um encarregado e foi feita uma sindicância, onde não foi apurada esta conduta por parte da tenente. Não foi constatada transgressão nem crime por parte dela. O resultado foi encaminhado novamente para o MPE e o processo foi arquivado. Por isso ela não foi afastada de suas funções”, disse o comandante, em entrevista coletiva no ano passado.

Desde então, a atuação, Ledur vem sendo alvo de investigação e foi denunciada em âmbito militar por maus tratos e por expor a vida ou a saúde de outrem em situação de risco. Já no inquérito da Polícia Civil, ela foi indiciada por tortura e castigo.

Texto: Mídia News