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Ivo Pitanguy morre no Rio aos 93 anos
Morreu neste sábado (6) o cirurgião plástico Ivo Pitanguy, aos 93 anos, no Rio. Ele estava em casa e sofreu uma parada cardíaca, segundo a sua assessoria. O funeral está previsto para este domingo (7) no Memorial do Carmo. Seu corpo será cremado.
Pitanguy fez do Brasil a principal referência mundial em cirurgia plástica ao desenvolver técnicas nas áreas de estética e de reparação. Transformou a vida de milhares de pacientes, famosos e anônimos. Formou gerações e gerações de alunos, novos cirurgiões que aprenderam com ele a respeitar e valorizar a autoestima dos pacientes.
Além da carreira médica, se destacou também como escritor. Pitanguy foi eleito imortal pela Academia Brasileira de Letras em 11 de outubro de 1990 e foi o quarto a ocupar a cadeira 22, cujo patrono é José Bonifácio, após Medeiros e Albuquerque, Miguel Osório de Almeida e Luís Viana Filho.
Em seu discurso de posse na ABL, o cirurgião e escritor citou o espanhol Pablo Picasso: “Picasso dizia que há dois tipos de artista: ‘Aquele que faz do sol uma simples mancha amarela, e o que de uma simples mancha amarela faz o sol’. Creio que escritor é quem transforma manchas amarelas em sóis: tanto é iluminado quanto ilumina. Tem luz própria.”
Pitanguy amava o trabalho, a harmonia e a natureza. Costumava dizer que nunca conseguia definir o conceito de beleza, mas sempre que a encontrou soube percebê-la. Também falava que a cirurgia plástica é uma tentativa de buscar a harmonia entre corpo e espírito, a emoção e o racional.
Em junho, o cirurgião foi hospitalizado para tratar de uma infecção. A partir de setembro, quando apresentou um problema renal durante uma viagem a Paris, passou a se submeter a sessões de hemodiálise.
Nesta sexta (5), em uma cadeira de rodas, o médico empunhou a tocha olímpica na Gávea, Zona Sul do Rio, bairro onde está localizada sua clínica de cirurgia plástica.
Pitanguy nasceu em Belo Horizonte, em 5 de julho de 1923, filho do médico cirurgião Antonio de Campos Pitanguy e de Maria Stäel Jardim de Campos Pitanguy, e deixa viúva a senhora Marilu Nascimento, com quem era casado desde 1955, quatro filhos – Ivo, Gisela, Helcius e Bernardo – e cinco netos.
Trajetória profissional
Começou a fraduação na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e se formou pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1946. Por mais de 10 anos continuou se especializando em cirurgia plástica e fez estágios em serviços de cirurgia plástica nos Estados Unidos e na Europa.
Após uma temporada fora do país, voltou ao Brasil para trabalhar como chefe na 19ª enfermaria do Serviço de Cirurgia da Santa Casa, que foi o primeiro serviço de cirurgia de mão em toda a América do Sul, quando a especialização ainda era incipiente no país.
Um de seus mestres foi o francês Marc Iselin, um dos criadores da cirurgia de mão e referência no atendimento de pessoas mutiladas da 2ª Guerra Mundial, com quem trabalhou como assistente em Paris.
Depois desta experiência, trabalhou como chefe do Serviço de Queimaduras e de Cirurgia Reparadora do Hospital Souza Aguiar. Também criou a 38ª Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, que atendia pacientes de baixa renda.
Era professor titular do Curso de Especialização em Cirurgia Plástica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, desde 1960, e de outros cursos em outras instituições. Também foi professor convidado em hospitais, universidades e associações de Cirurgia Plástica de diversos países.
Tinha o título de doutor honoris causa por diversas universidades, entre elas Universidade de Tel Aviv, Israel (1986), Universidad Autónoma de Guadalajara, Jalisco, México (2002) e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (29/04/2016).
Também recebeu uma série de homenagens de diferentes instituições, sendo que neste ano foi homenageado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, cedendo seu nome para o “Museu da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ivo Pitanguy”.
Em 1989, o Papa João Paulo II lhe concedeu o Prêmio Cultura da Paz. Também recebeu da Unesco o Prêmio pela Divulgação Internacional da Pesquisa Médica.
Era é autor de aproximadamente 800 trabalhos científicos em revistas brasileiras e internacionais, além de diversos livros.
Texto: G1