Juiz decreta prisão de empresário por morte de “irmãos Araújo”
O juiz da Primeira Vara Criminal da Comarca de Rondonópolis, Wagner Plaza Machado Junior, decretou a prisão preventiva do empresário do agronegócio Sérgio João Marchett. A decisão foi assinada em 24 de dezembro de 2018, mas veio a público nesta quinta-feira (24).
Marchett é acusado de ser um dos mandantes das mortes dos agricultores Brandão Araújo Filho e José Carlos Machado Araújo, em 1999 e 2000, respectivamente, em Rondonópolis (a 220 km de Cuiabá). Ambos eram irmãos e foram executados a tiros. O crime seria motivado por disputa de terras.
Com a decisão, o empresário pode ser preso a qualquer momento, inclusive pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), uma vez que declarou residência na Bolívia e na Colômbia.
A decisão também determina que o réu Sérgio Marchett seja julgado em sessão do Tribunal do Júri pelas mortes dos irmãos.
Contra o acusado haviam algumas medidas cautelares, entre elas a de comparecimento em juízo a cada dois meses, o que não estaria sendo realizado desde julho de 2015.
Entenda o caso
Os irmãos Brandão de Araújo Filho e José Carlos Machado Araújo (conhecido como Zezeca) foram assassinados à luz do dia em pleno Centro de Rondonópolis em 10 de agosto de 1999 e 28 de dezembro de 2000, respectivamente.
Conforme investigações da Polícia Civil de Rondonópolis, tratou-se de crime de mando, prática de “pistolagem”, como confessado pelos executores dos irmãos Araújo, que deu detalhes sobre o planejamento, execução, bem como nomeou os seus intermediários e mandantes.
O executor e ex-cabo da Polícia Militar Hércules Agostinho – condenado em 2010 a 27 anos e 11 meses de prisão pelos crimes – não só assumiu os homicídios como participou da reconstituição dos crimes, apontando todos os envolvidos, citando os proprietários da empresa Sementes Mônica como mandantes dos crimes.
Como pagamento das mortes, Hercules contou que ele e o soldado Célio Alves de Souza receberam um veículo Gol como pagamento pela execução dos dois irmãos Araújo, veículo este pertencente à empresa Mônica Armazéns Gerais Ltda, de propriedade da acusada Mônica Marchett, filha de Sérgio Marchett.
Inclusive durante reconstituição dos crimes, Hércules apontou a Sementes Mônica, empresa da família Marchett, como o local em que ele e o ex-soldado Célio Alves buscaram o documento do veiculo.
Recentemente, durante a sessão de julgamento do Tribunal do Júri de Rondonópolis, em 14 de junho de 2018, o pistoleiro Célio Alves de Souza também confessou sua participação nos crimes, sendo condenado a 24 anos de prisão.
Na ocasião, ele nomeou o empresário Sérgio e sua filha Mônica Marchett como mandantes dos crimes, detalhando ainda a participação de todos os envolvidos na trama assassina, desde o preparo até a execução.
Durante julgamento em plenário, Célio Alves contou que foi realizada uma espécie de “confraria” para arquitetar as mortes dos Irmãos Araújo, que na reunião teve a participação de Mônica Marchett, seu pai Sérgio João Marchett, um irmão de Sérgio Marchett (não se recordava o nome), Ildo Roque Guareschi e o Sargento José Jesus de Freitas.
Até hoje, somente os pistoleiros foram julgados e condenados pelas mortes. Os réus acusados de serem os mandates dos crimes ainda aguardam os desfechos dos seus processos, que se arrastam há mais de 15 anos na Justiça.
Texto: Mídia News