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Major é acusado de invadir TV e fazer ameaças para falar ao vivo; ele nega
O comandante interino do 8º Batalhão da Polícia Militar de Alta Floresta (803 km ao norte de Cuiabá), major Wanderson da Costa Castro, é acusado de coagir uma funcionária da TV Nativa, filial da TV Record ao invadir a emissora para tentar entrar ao vivo num programa jornalístico. Segundo o apresentador do programa Olho Vivo, Oliveira Dias, o militar queria se retratar sobre uma matéria feita pela equipe na qual teria sido truculento.
De acordo com o apresentador, ele estava no ar quando o militar chegou na emissora na última segunda-feira (30). “A recepcionista pediu para ele aguardar que eu iria atendê-lo assim que terminasse o programa. No entanto, ele insistiu. Desabotoou o coldre da pistola com uma mão e com a outra agarrou o braço da recepcionista empurrando ela pro lado afastando da porta que diz ‘não entre sem ser convidado'”, explicou Dias ao Gazeta Digital.
Sem saber da presença do policial no local, Oliveira só tomou conhecimento da atitude alterada do major que tentava a todo momento entrar no estúdio durante e exibição programa jornalístico ao término da transmissão. “Vi quando ele chegou na sala de gravação e a recepcionista pedia desculpa por não ter conseguido impedi-lo de entrar. Ele pedia para falar e eu entendi que seria comigo e não ao vivo. Até que vi o que ele queria e consegui seguir o programa sem que ele interferisse”, relata o apresentador.
A situação teve início no fim de semana passado quando a equipe foi gravar uma matéria num evento beneficente e no caminho avistou duas viaturas policiais paradas em frente a uma casa. O cinegrafista e repórter desceram para acompanhar a ocorrência de denúncia sobre posse ilegal de arma de fogo, no entanto, conforme Oliveira, um tenente que conduzia a ocorrência tentou impedir o registro da prisão dos 3 suspeitos no local dizendo que a equipe estava atrapalhando a ocorrência.
Mesmo com a atitude policial a equipe fez a matéria que foi ao ar, segundo o apresentador, sem abordar as dificuldades durante a apuração dos fatos. “Ou seja, não havia necessidade de retratação ou de ele [o major] querer dar um posicionamento. Por isso não deixamos ele entrar ao vivo. Não tinha o que falar. Até porque já tínhamos marcado uma reunião para falar sobre o caso”, explica.
Por meio do aplicativo WhatsApp, apresentador relata que recebeu uma ameaça de Castro, enquanto discutiam sobre seus respectivos trabalhos. Ao fim o major soltou a frase “uma hora as coisas se resolvem por bem ou por mal”, relata Oliveira.
Um boletim de ocorrências foi registrado em nomes dos 3 suspeitos abordados pelos policiais alegando que foram constrangidos pela equipe de TV. “Os policiais incentivaram os suspeitos a fazer esse boletim”, acusa Dias.
Conforme o apresentador, a emissora não registrou boletim de ocorrência da invasão e e nem da coação sofrida pela recepcionista, pois o jurídico orientou a representar diretamente o caso contra o major Wanderson da Costa Castro no Ministério Público Estadual e também na Corregedoria-Geral da Polícia Militar.
Outro lado
O major Wanderson Castro negou as acusaçõe e afirmou que o apresentador está mentindo. “Não houve agressão, não houve invasão nenhuma. Tudo o que o Oliveira disse é para tentar se livrar das denúncias contra ele como a das pessoas que se sentiram ofendidas durante a gravação deles. Ele inventou essa história de ameaça e eu também registrei uma denúncia contra ele”, relatou.
Sobre a ida à emissora o policia justifica que pretendia se retratar já que segundo ele, não foi ouvido na matéria. Argumenta, no entanto, que não viu necessidade de se manifestar publicamente. “Estive lá sim para me posicionar caso fosse citado. Não interrompi em nenhum momento. Me mantive no canto. Eu segurei a recepcionista para que ela me deixasse entrar porque eu tinha o direito de dar o outro lado. Não posso fazer nada se ela se ofendeu”, finalizou.
Sobre o ocorrido, a assessoria da PM afirmou não compactuar com atitudes que prejudiquem o trabalho da imprensa e que a Corregedoria-Geral já instaurou um procedimento, que será conduzido pelo tenente-coronel Óttoni Cézar Castro Soares, para apurar o caso.
Veja nota na íntegra:
NOTA/RESPOSTA – sobre o 9º Comando Regional, com sede em Alta Floresta
O Comando Geral da Polícia Militar de Mato Grosso vem a público informar que não compactua com atitudes que possam prejudicar o trabalho da imprensa ou, de qualquer maneira, cercear a liberdade de expressão de seus profissionais.
Informa ainda que a Corregedoria Geral da Instituição já instaurou procedimento para apurar o ocorrido e que o tenente-coronel PM Óttoni Cézar Castro Soares, oficial mais antigo na região e que responde atualmente pelo 3º Comando Regional, com sede em Sinop, foi designado para acompanhar in loco o andamento dos fatos.
Texto: Valquiria Castil/Gazeta Digital