Mato-grossenses estão confiantes em mudanças no cenário político de 2018

Depois de um ano movimentado na política, o eleitor mato-grossense, em sua maioria, acredita em mudanças no cenário para 2018. Uma das principais apostas da população são as eleições que serão realizadas em outubro e colocarão em disputa, além do governo e da presidência, todas as cadeiras da Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados e 2/3 do Senado.

Os acontecimentos ao longo de 2017, como a delação do ex-governador Silval Barbosa, também não passaram despercebidos e, para os cidadãos, mostram que o combate à corrupção já começa a dar resultados. Classificada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, como “monstruosa”, a delação de Silval teve reflexos como as investigações que já estão em andamento.

A revelação de uma extensa lista de pessoas delatadas pelo político demonstra, na opinião da operadora de telemarketing, Cristiane Hondo, 39, que o ano que chega ao final trouxe mudanças para a política. “Muita coisa na política já mudou em 2017 e em 2018 vai continuar mudando. Muitos políticos já foram presos, outros respondem por processos, então eles estão pagando o preço que eles têm que pagar. 2018 será um ano de reforma, tem muita coisa para acontecer. Novas expectativas, novas pessoas ocupando os cargos. O povo está mais consciente, está sabendo votar mais. Então eu tenho muita esperança que 2018 melhore”.

Os depoimentos prestados pelo ex-governador aos promotores da Procuradoria-Geral da República (PGR) levantaram suspeitas sob mais de uma centena de pessoas, entre políticos, servidores públicos e empresários. Um dos casos mais graves trata do pagamento de um “mensalinho” a deputados estaduais da legislatura passada, alguns deles flagrados em vídeo recebendo o dinheiro das mãos do então chefe de gabinete do ex-governador dentro do Palácio Paiaguás.

A exemplo de Cristiane, outras pessoas acreditam que o brasileiro passou a entender o tamanho dos malefícios causados pela corrupção no setor público. A expectativa é que isso tenha reflexos no processo eleitoral, com um eleitor cada vez mais consciente da importância do voto e de se escolher bem quem serão os representantes do povo.

“A população toda espera que a política melhore em 2018, porque está tudo horrível para o cidadão mais pobre: saúde, educação, moradia. A corrupção precisa e vai acabar. O povo está aprendendo a votar mais consciente, a população aprendeu com os erros do passado. Então eu estou otimista”, salientou o salgadeiro Genilson Weber, 41.

Mas há também quem acredite que nem mesmo os recentes escândalos, ou a confirmação de casos antigos, fará com que a corrupção acabe, no máximo reduza. Está é, por exemplo, a opinião da gerente de loja Fabiana Lúcia da Rocha, 38, quando indagada sobre o que espera da política para o novo ano. “Eu espero que a política melhore em 2018, porque já está tão ruim que não dá para piorar. Mas a corrupção não vai acabar, os políticos que serão eleitos vão continuar fazendo a mesma coisa que os que estão agora. O povo já está acostumado com a roubalheira e não faz nada, enquanto que os políticos acostumaram a roubar. Pode até amenizar, mas não vai melhorar”.

Entendendo a corrupção como algo histórico, o motorista Sílvio Jorge da Silva, 49, está pouco otimista em relação a mudanças no ano que vem. Um dos questionamentos dele passa pelas punições aplicadas aos agentes públicos flagrados em casos de corrupção que seriam brandas demais. “A corrupção existe desde muito tempo, é uma coisa inerente ao ser humano e, principalmente, ao brasileiro. Ela já existia desde que o Brasil é Brasil, é claro que não nessa proporção. Então a corrupção não acaba tão fácil. Os políticos roubam R$ 300 mil, devolvem R$ 30 mil e aonde fica o outro resto? Para eles compensa roubar, passar um tempo na cadeia e depois sair com dinheiro. 2018 vai ser tudo igual”. (Colaborou Ana Flávia Corrêa) 

Texto: Gláucio Nogueira, repórter de A Gazeta