Mulheres de membros de facção criminosa são espancadas e têm cabelos raspados

As investigações feitas na ‘Operação Insurgente’, deflagrada nesta sexta-feira (27), apontaram que as mulheres dos membros da facção criminosa, que foi alvo da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), tinham seus direitos cerceados, não podiam sair de casa e eram espancadas e tinham os cabelos raspados em caso de traição ou envolvimento com outras pessoas após um término recente.

Conforme o que foi apurado pelo Olhar Direto, os membros da facção estão criando regras próprias e desvirtuando direitos conquistados pelas mulheres. A mulher do criminoso geralmente é proibida de sair de casa, só pode fazer visitar a casa de alguns parentes e também ir ao supermercado.

Além disto, as investigações descobriram que quando ela abandona o membro da facção, tem que ficar de três a quatro meses sem poder se relacionar com ninguém e ir a festas. Caso isto aconteça, os bandidos a pegam, espancam e cortam o seu cabelo. No caso de traição, a sistemática é a mesma, só que raspam a cabeça da vítima.

Um dos homicídios investigados e que tem ligação com o grupo, é o de um rapaz que se envolveu com a ex-mulher de um preso. Ele não aceitou vê-la com outro e mandou que matassem o rapaz. A vítima foi executada por dois rapazes em uma motocicleta.

Gustavo Henrique, de 19 anos, foi executado ao ser baleado diversas vezes enquanto seguia para o trabalho, na manhã do dia 15 de agosto, no bairro Parque Eldorado, na cidade de Primavera do Leste (244 km de Cuiabá). Ele seguia na garupa da motocicleta de seu irmão, quando foi surpreendido.

Os projéteis acertaram a cabeça e o tórax da vítima, que caiu da motocicleta em que estava e morreu na hora. A vítima era filho de um empresário, que é proprietário de uma marmoria em Primavera do Leste.

Operação

 As investigações tiveram início há aproximadamente dez meses (setembro de 2017). O foco é o combate a organizações criminosas que atuam na região Sul de Mato Grosso. Os principais líderes da região são o foco desta operação.

Os criminosos das seguintes cidades são alvo da ação: Cuiabá, Primavera do Leste, Poxoréu, Rondonópolis, Pedra Preta, Sinop e Alto Araguaia. No total, estão sendo empregados 102 policiais e 28 viaturas.

Todos os presos (entre pessoas soltas e reeducandos de unidades prisionais) estão sendo conduzidos para unidades da Polícia Civil nos municípios que estão sendo alvo. Eles vão passar por interrogatório na manhã desta sexta-feira (27) e em seguida serão apresentados em audiência de custódia.

Participam da ação as delegacias de: Primavera do Leste, Poxoréu, Campo Verde, Paranatinga, Sinop, Rondonópolis e Alto Araguaia. Além disto, há também policiais da GCCO, Grupo de Operações Especiais (GOE) Diretoria do Interior e Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer).

Texto: Wesley Santiago/Olhar Direto