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Nadaf diz que ex-dono da City Lar guarda R$ 1,1 milhão de propina
O ex-secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme) e da Casa Civil, Pedro Nadaf, disse que o empresário Erivelto Gasques, ex-dono do Grupo City Lar (que foi vendido para a Ricardo Eletro), o ajudou a ocultar R$ 1,1 milhão em propina – dinheiro que ainda está com o empresário, segundo o ex-secretário.
A acusação consta na delação premiada firmada pelo ex-secretário com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele contou que, entre o final de 2012 e início de 2013, foi procurado pelo empresário Piero Vicenzo, sócio-proprietário da Destilaria de Álcool Libra e presidente do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool-MT).
“Na ocasião, Piero Vicenzo lhe informou que o setor possuía uma tratativa com o Governo acerca da estimativa do recolhimento do ICMS, e assim ele queria saber quem do governo iria dar continuidade na negociação da estimativa de recolhimento do ICMS do setor para o ano de 2013, pois em 2012, quando estava na Secretaria de Fazenda o secretário Edmilson dos Santos, era ele quem realizava as tratativas em nome do Governo, ou seja, que Edmilson era quem gerenciava o destino de dinheiro público recebido pelo Governo desse segmento”, afirmou.
Segundo Nadaf, Silval Barbosa então pediu que ele passasse a negociar com o segmento de álcool, no lugar do então secretário de Fazenda, Marcel de Cursi, “me enfatizando que ‘eles têm que contribuir com a gente’, confirmando que o segmento deveria pagar propina à organização criminosa”.
“Com essa imposição do governador, procurei por Piero Vicenzo no início do ano de 2013 para tratar desse assunto, tendo Piero me afirmado que poderia passar ao grupo, a título de propina, a mesma quantia que pagava nos anos anteriores para Edmilson, ou seja, o montante de R$ 2 milhões por ano”, disse.
“Então, por volta do mês de fevereiro ou março de 2013, eu recebi das mãos de Piero Vicenzo, em uma única ocasião, em seu gabinete na Casa Civil, diversos cheques de pessoas jurídicas, provavelmente de usinas, a maioria pré-datados, que juntos totalizavam o montante da propina previamente combinada”, completou.
O ex-chefe da Casa Civil relatou ter passado todo o montante ao ex-governador, que, em contrapartida, lhe repassou R$ 300 mil como a sua fatia do bolo.
Ocultação de dinheiro
No ano seguinte, conforme a delação de Nadaf, ficou acertado entre que a estimativa seria estabelecida por meio de decreto, “para que o seu reajuste nos próximos anos fosse feito através da inflação anual, por ser situação benéfica para o segmento”
“As tratativas para se chegar ao valor da estimativa no ano de 2014 foi negociada diretamente entre Piero, Marcel de Cursi e sua equipe da Sefaz. Após haver se chegado a uma estimativa que agradou ao segmento, a própria Sefaz editou um decreto atendendo ao pedido de Piero e o encaminhou para a Casa Civil para publicação”, disse.
“Antes da publicação, Piero chegou a conferir o texto do decreto com sua equipe técnica, tendo posteriormente confirmado sua edição em troca do pagamento de propina de R$ 4 milhões naquele ano, ou seja, em 2014”, acrescentou.
Da mesma forma que em 2013, Nadaf disse ter recebido mais R$ 4 milhões de propina em 2014, “através de diversos cheques pré-datados, oriundos de usinas”.
“Desse montante, repassei o valor de R$ 2 milhões para Silval Barbosa, ao passo que R$ 2 milhões ficaram comigo, representando meu quinhão”.
No intuito de que o dinheiro não aparecesse em suas contas bancárias, o ex-secretário disse que procurou o empresário Erivelto Gasques, do Grupo City lar, “que guardasse grande parte dessa propina”.
“Erivelto Gasques, ciente da origem espúria do dinheiro, concordou com o meu pedido, comprometendo-se, ainda, a corrigir o montante na base de 1% ao mês a fim de o dinheiro não perder seu valor, sendo que hoje eu acredito possuir com Erivelto Gasques cerca de R$ 1,1 milhão, já corrigidos”.
Apesar de a fatia da propina em 2014 ter sido de R$ 2 milhões, Nadaf afirmou que efetivamente recebeu R$ 1,5 milhão.
“Os outros R$ 500 mil foram repassados em cheques e estes não foram compensados por falta de provisão de fundos. Eu devolvi os cheques que voltaram com insuficiência de fundos a Piero, com a promessa de recebimento futuro”.
Erivelto Gasques também foi citado por Nadaf em outro depoimento, em que o ex-secretário revelou que o empresário pagpou R$ 1 milhão de propina para que a City Lar recebesse incentivos fiscais, por meio do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Prodeic).
Outro lado
A redação tentou contato com Piero Vicenzo, mas as ligações para seu celular não foram atendidas.
O número do celular de Erivelto Gasquez, obtido pela redação, consta como inexistente.
Texto: Mídia News