Negro tem menos renda e educação em Mato Grosso

Uma realidade expressa em números e sentida na pele por muitos. Apesar da diminuição das desigualdades, diferenças entre negros e brancos ainda são grandes, principalmente quando se trata de salário e formação educacional.

Estudo do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA) com a Fundação João Pinheiro (FJP) e com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado ontem mostra um pouco desta realidade. Em Mato Grosso a renda per capita do negro é quase R$ 300 a menos do que a do branco. Em Cuiabá, a diferença da renda per capita é mais que o dobro.

Segundo o levantamento que trata do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), a renda per capita do negro no Estado aumentou de R$ 407,34 em 2000 para R$ 795,09 em 2010, mas ainda continua inferior ao do branco que de R$ 599,03 em 2000 foi para R$ 1.040,55 em 2010. O levantamento mostra que no Estado 4,54% dos negros são extremamente pobres e 2,65 dos brancos e 11,55% dos negros são pobres enquanto o índice atinge a 6,73 dos brancos. Em Cuiabá a renda per capita do negro é de R$ 859,96 e a do branco R$ 1.734,97.

O estudo mostra que o IDHM da população negra, em 2010, é de 0,701, o que situa essa parcela da população de Mato Grosso na faixa de Desenvolvimento Humano Alto (IDHM entre 0,700 e 0,799). O IDHM da população branca é de 0,773. Em números absolutos, a diferença entre ambos é de 0,072.

Na educação a taxa de analfabetismo da população de 18 anos ou mais de negros é de 10,82 e de 5,72 dos brancos. 13,09 dos negros tem fundamental incompleto ou é analfabeto e 6,78 dos brancos. 42,77 dos negros tem fundamental incompleto ou é alfabetizado e 38,29 dos brancos. No fundamental completo e médio incompleto o índice dos negros é de 15,49 e dos brancos 15,04. Já no médio completo e superior incompleto os valores são de 21,46 para os negros e 24,49 para brancos, o superior completo alcança 7,19 dos negros e 15,40 dos brancos.

A esperança de vida do negro é 73,67 anos e do branco 75,57 anos. No relativo ao trabalho, a taxa de atividade de 18 anos ou mais fica em 69,69 para os negros e 71,76 para os brancos. A taxa de desocupação para 18 anos ou mais chega em 6,53 dos negros e 4,61 dos brancos.

A presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CEPIR), Antonieta Luisa Costa confirma que os números nada mais refletem do que a realidade. Segundo ela, esse quadro não tem mudado e muito pouco tem se conseguido avançar em relação aos negros.

“A realidade é essa. Apesar de toda proposição do movimento negro ainda há muita resistência. Precisamos de política pública, de formação, de inclusão. Esta realidade tem custado muito aos negros, principalmente no processo de inclusão”, diz.

A presidente do CEPIR afirma ainda que a mudança entre as diferenças entre brancos e negros depende de vontade política e de consciência dos gestores. “É uma tristeza olhar e ver que nada tem sido feito”, confirma Antonieta.

Números

Mato Grosso ocupa a 11ª posição entre as 27 unidades federativas brasileiras segundo o IDHM. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) do Estado é 0,725, em 2010, o que situa essa Unidade Federativa (UF) na faixa de Desenvolvimento Humano Alto (IDHM entre 0,700 e 0,799).

A dimensão que mais contribui para o IDHM da UF é Longevidade, com índice de 0,821, seguida de Renda, com índice de 0,732, e de Educação, com índice de 0,635.A renda per capita do mato-grossense também cresceu nos últimos 10 anos, saindo de R$ 582,62 em 2000 para R$ 762,52 em 2010.

Na educação no Estado a proporção de crianças de 5 a 6 anos na escola é de 86,80%, em 2010. No mesmo ano, a proporção de crianças de 11 a 13 anos frequentando os anos finais do ensino fundamental é de 85,82%; a proporção de jovens de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo é de 62,17%; e a proporção de jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo é de 42,36%. Dos jovens adultos de 18 a 24 anos, 15,39% estavam cursando o ensino superior em 2010.

Em 2010, considerando-se a população da UF de 25 anos ou mais de idade, 10,82% eram analfabetos, 48,29% tinham o ensino fundamental completo, 33,03% possuíam o ensino médio completo e 10,47%, o superior completo.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) – Cuiabá é 0,785, em 2010, o que situa esse município na faixa de Desenvolvimento Humano Alto (IDHM entre 0,700 e 0,799). A dimensão que mais contribui para o IDHM do município é Longevidade, com índice de 0,834, seguida de Renda, com índice de 0,800, e de Educação, com índice de 0,726. A renda per capita saiu de R$ 882,97 em 2000 para R$ 1.161,49 em 2010, sendo maior que a do Estado. Cuiabá ocupa a 92ª posição entre os 5.565 municípios brasileiros segundo o IDHM.

Na educação no município, a proporção de crianças de 5 a 6 anos na escola é de 90,09%, em 2010. No mesmo ano, a proporção de crianças de 11 a 13 anos frequentando os anos finais do ensino fundamental é de 86,65%; a proporção de jovens de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo é de 67,39%; e a proporção de jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo é de 51,14%. Entre 1991 e 2010, essas proporções aumentaram, respectivamente, em 48,82 pontos percentuais, 37,96 pontos percentuais, 39,42 pontos percentuais e 33,93 pontos percentuais.

Texto: Diário de Cuiabá