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No Gaeco, ex-assessor de Dal Bosco é interrogado sobre R$ 5 mil de ‘origem desconhecida’
O ex-assessor do deputado estadual Dilmar Dal Bosco (DEM) Luiz Fernando Flaminio foi interrogado pela segunda vez na manhã desta terça-feira (10) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Ele precisou explicar o recebimento de um cheque de R$ 5 mil que, segundo as investigações, seria oriundo do esquema de fraudes do Detran-MT.
Flaminio, que hoje atua como consultor do Núcleo Ambiental da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), nega conhecer a origem do cheque, mas à todo instante cita Claudemir Pereira dos Santos (o “Grilo”), sócio da empresa Santos Treinamento.
O interrogado também não se recorda do motivo de ter recebido a quantia de R$ 5 mil. Questionado pela imprensa, ao deixar o depoimento, Flaminio disse que o Gaeco “coloca todo mundo numa situação ruim, muitas das vezes ninguém sabe a origem do recurso, você recebe um valor na sua conta e você não tem a origem do recurso”.
Em seguida, fez analogia à venda de um carro. “Você vende um carro hoje: você tem como saber se quem te comprou o carro… se o valor é licito ou ilícito? O fato de se colocar como servidor público é um problema. Eu nunca tive nenhuma operação comercial com ele (Claudemir). Não posso falar. Agora, o fato de ter recebido, eu posso ter recebido de terceiro, que recebeu do ‘Grilo’ (o Claudemir)”.
Questionado se o cheque que caiu em sua, à época, despertou interesse no sentido de descobrir sua origem, negou. “Não tem como você buscar saber. Como um veículo (vendido), você tem como buscar a origem do recurso? É uma operação comercial, não me recordo, faz quatro anos, como puxar na memória agora? Tudo bem que entrou R$ 5 mil na minha conta, o valor refere-se ao que? A qualquer outra operação! Quer dizer que não posso prestar serviço só porque sou servidor público? Serviço, a gente presta… serviço para as pessoas… muitas vezes quem está no interior precisa de serviço na capital e você presta serviço para determinada pessoa. Mas como você vai adivinhar se o recurso é oriundo de vantagem ilícita? A gente presta consultoria também. A minha formação em direito: muitas vezes a gente presta uma assessoria aqui para quem é do interior… quer dizer que não podemos trabalhar também?”, perguntou, exaltado.
Ao final, afirmou estar à disposição da justiça. “Não tenho nada a ver com essa operação, não tenho ligação nenhuma com essa operação. Eu já prestei depoimento sobre a Bereré”.
Entenda o Caso:
A Operação Bereré é um desdobramento da colaboração premiada do ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), Teodoro Lopes, o “Doia”. Dentre as informações prestadas por Doia, consta suposto esquema de cobrança de propina com uma empresa que prestava serviços de gravame – um registro do Detran.Dentre os supostos crimes cometidos estão organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo o Gaeco, as investigações tiveram início na Delegacia Especializada em Crimes Contra a Administração Pública e Ordem Tributária (DEFAZ), sendo que as medidas cautelares foram requeridas pelo NACO Criminal (Núcleo de Ações de Competência Originária) do Ministério Público Estadual e estão sendo cumpridas em Cuiabá, Sorriso e Brasília-DF, pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) e Polícia Judiciária Civil, com apoio da Polícia Militar, por meio do BOPE.
Durante a operação o Gaeco cumpriu mandados na Assembleia Legislativa e na casa dos deputados Mauro Savi (PSB) e Eduardo Botelho (PSB). O ex-deputado federal Pedro Henry também é um dos investigados.
No último dia 16 foram bloqueados bens de: l) Mauro Luiz Savi, 2) José Eduardo Botelho, 3) Pedro Henry Neto, 4) Marcelo da Costa e Silva, 5) Antônio , Eduardo da Costa e Silva, 6) Claudemir Pereira dos Santos, 7) Dauton Luiz Santos Vasconcellos 8) Roque Anildo Reinheimer, 9) Merison Marcos Amaro, 10) José Henrique Ferreira Gonçalves, 11) José Ferreira Gonçalves Neto, 12) Gladis Polia Reinheimer, 13) Janaina Pollà Reinhéimer, 14) Juliana Polia Reinheimer, 15) FDL Serviços de Registro Cadastro, Informatização e .Certificação de Documentos Ltda., atualmente EIG – Mercados, 16) Santos Treinaménto e Capacitação de Pessoal Ltda. e 17) União Transporte e Turismo Ltda.
No dia 23, o desembargador José Zuquim Nogueira, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, autorizou o Gaeco a estender as investigações, no bojo da “Operação Bereré”, aos deputados estaduais Wilson Santos (PSDB), Baiano Filho (PSDB), Romoaldo Júnior (MDB), José Domingos Fraga (PSD) e Ondanir Bortolini (PSD), o Nininho. O pedido do MP se deu por conta de todos eles possuírem foro privilegiado, em razão do cargo que ocupam na Assembleia Legislativa.
De acordo com o MP, as investigações apontaram que “os agentes públicos destinatários das vantagens indevidas que se valem de pessoas físicas e jurídicas interpostas, da emissão de cheques, de triangularizações de transferências bancárias, dentre outras práticas, para ocultar o recebimento de propina, bem como a origem ilícita dos valores” cita trecho do Gaeco, em seu pedido.
Texto: Paulo Victor Fanaia Teixeira/Olhar Direito