Pelo WhatsApp, deputado revela temor de ter sido gravado

Uma conversa no aplicativo WhatsApp, em que o deputado estadual Wagner Ramos (PR) suspeita de vazamento de vídeos em que ele aparece conversando sobre propina, é um dos itens que constam como prova na delação premiada do filho do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), o médico Rodrigo Barbosa.

No diálogo, mantido entre o parlamentar e Rodrigo, o deputado questiona o médico sobre suposto vídeo que teria sido entregue por Antônio Barbosa, irmão de Silval, ao Ministério Público Estadual (MPE). Nas imagens, o deputado apareceria recebendo propina.

A delação premiada de Rodrigo Barbosa já foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na conversa pelo WhatsApp (veja abaixo), utilizada como uma das provas de que Wagner Ramos teria participado do esquema criminoso, também é possível ver o parlamentar questionando o filho de Silval sobre a possibilidade de Rodrigo ter gravado diálogos que eles tiveram durante as tratativas para supostos pagamentos de propinas.

Conforme o parlamentar, a informação sobre o vídeo teria sido repassada pelos deputados Romoaldo Júnior (PMDB) e Guilherme Maluf (PSDB).

No diálogo, eles afirmam que Romoaldo Júnior é “é cheio de sair com fofoca”. O filho de Silval ainda pede para que o parlamentar passe um recado ao deputado peemedebista: “Manda esse gordo cuidar da vida dele”.

O diálogo ocorreu em julho de 2015.

Abaixo, veja trecho do diálogo entre o deputado e o médico:

Wagner Ramos: “Olá, boa tarde, estão com comentários que seu tio teria uma gravação minha, que foi entregue no Ministério Público? Sabe me dizer sobre o que é?” “Romualdo e Maluf vieram me falar! “

Rodrigo Barbosa: “Boa tarde, Wagner. Não sei, não. Acredito que é mais uma fofoca plantada”.

Wagner Ramos: “Aff, tomara”.

Rodrigo Barbosa: “Isso é mais um boato. Dos tantos que já saíram!”

Wagner Ramos: “Disseram que foi na Assembleia, que estavam eu, você, Toninho e o Romualdo”. Ah, tomara. Foi Romualdo mesmo que saiu com isso no início!”

Rodrigo Barbosa: “Romualdo é cheio de sair com fofoca”.

Wagner Ramos: “Verdade”.

Rodrigo Barbosa: “Manda esse gordo cuidar da vida dele. Igual a você, eu já fiquei sabendo que ele está fazendo um monte de fofoca. Pode falar pra ele que eu sei disso e estou puto”.

Wagner Ramos: “Mais. Amigo, torço muito por vocês! Não vejo a hora disso tudo acabar! Falo, sim”.

Rodrigo Barbosa: “Se Deus quiser, já, já acaba. Uma hora passa!”

Wagner Ramos: “Sim. Vai passar! Abraços. Qualquer coisa estou aqui!”

Rodrigo Barbosa: “Beleza. Valeu!”

Wagner Ramos: “Nesse meio todo, envolvendo política e Justiça! Não sei o que fazer, mas pode contar comigo”.

Rodrigo Barbosa: “Valeu, Vagner!”

Conforme a delação, Wagner Ramos teria recebido propina para aprovar as contas de 2014 de Silval Barbosa.

O médico comentou que chegou a pagar propina a integrantes da comissão que analisou as contas do ex-governador.

Wagner Ramos era o relator do procedimento que avaliou as contas de Silval em 2014.

No depoimento ao MPF, Rodrigo Barbosa afirmou que agendou encontro com o parlamentar, por meio do ex-secretário adjunto de Governo, Antonio Góes, para tratar sobre propinas pagas para aprovação das contas.

Conforme Barbosa, apesar de a princípio as tratativas sobre o assunto não terem dado certo, posteriormente o acordo para o pagamento da propina acabou sendo acertado e as contas da gestão do peemedebista foram aprovadas.

“Depois da votação favorável pela Comissão, as contas foram a Plenário e o Declarante passou acompanhar o cumprimento do acordo; Que o pagamento a Wagner Ramos, Silvano Amaral e José Domingos Fraga foi realizado em janeiro de 2016; Que Antônio Barbosa foi para Matupá e ficou responsável pelo levantamento da quantia de R$ 650 mil”, narrou o delator.

Diversas tratativas envolvendo o deputado Wagner Ramos foram gravadas pelo filho do ex-governador.

Um deles mostra Wagner Ramos indo ao escritório do filho do ex-governador e pedindo R$ 7 milhões, para que as conclusões da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) referente às obras da Copa do Mundo de 2014 não prejudicassem Silval.

O valor, conforme o parlamentar, seria dividido com outros deputados que faziam parte das investigações.

Outro lado

A reportagem tentou contato com o deputado Wagner Ramos, mas seu telefone celular estava desligado.

Texto: Mídia News