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Penitenciária amplia capacidade de produção de ateliê de costura
Uma das principais oficinas de trabalho para reducandos na Penitenciária Regional Major Eldo Sá Corrêa, em Rondonópolis, ganhou um novo espaço destinado ao corte e costura, tendo como carro-chefe a produção de uniformes em malha e brim.
O ateliê de costura e serigrafia integra o Projeto Alvorada, no qual trabalham 12 reeducandos, e no ano passado registrou uma produção de 4 mil peças de roupas, entre uniformes para as unidades prisionais masculina e feminina e servidores, além de outras demandas externas. A parceria com uma empresa de uniformes da cidade também aproveita a mão de obra dos reeducandos, que são remunerados por produção. A empresa entrega as peças já cortadas e na oficina da penitenciária é feita a costura e arremate final.
Coordenado por dois servidores da penitenciária, o projeto Alvorada inclui a padaria e uma lavanderia instaladas na unidade, com mais oito recuperandos trabalhando. Estas iniciativas, junto a outros projetos como a marcenaria, serralheria e horta e atividades extramuros, ajudam a colocar o Sistema Penitenciário de Mato Grosso entre os principais estados em percentual de presos exercendo alguma atividade educativa ou laboral – 33,9% da população prisional do Estado está trabalhando e estudando – uma realidade bem distinta da maioria dos estados brasileiros e da média nacional, que é de 18,9%.
Para os servidores que cuidam do projeto na penitenciária, o trabalho auxilia no comportamento e progressão do reeducando durante a permanência na unidade e proporciona uma chance de aprender um ofício com o qual poderá retornar qualificado à sociedade. “Muitos recuperandos que estão hoje no projeto já ensinam os mais novos, aprenderam o ofício e estão passando o ensinamento à frente. Tem mais experiência e poderão ter uma atividade remunerada quando saírem”, explica Emmanuel Carlos Rodrigues Silva, assistente administrativo que, em conjunto com a servidora Maria Leite, cuida das atividades do projeto Alvorada.
O maquinário do ateliê foi ampliado neste ano com a inclusão de mais 11 novas máquinas – corte, costura, acabamento e galoneiras – adquiridas pelo Programa de Capacitação Profissional e Implementação de Oficinas Permanentes (Procap), do Departamento Penitenciário Nacional. A oficina tem ainda outras máquinas de costura cedidas pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia. Os tecidos e linhas para a confecção são adquiridos com recursos da cantina da unidade prisional.
Qualificação e experiência
Em 2017, os dois servidores conseguiram levar para o ateliê a parceria do projeto Japuíra, uma iniciativa de qualificação em corte e costura industrial ofertada pelo Instituto Mato-grossense do Algodão e a Associação de Produtores de Algodão de Mato Grosso. Com um método eficaz desenvolvido pelo pernambucano Romero Sobreira, consultor do IMA, o projeto Japuíra levou à penitenciária um treinamento intensivo de 4 meses em corte e costura, inclusive com maquinários e tecidos para as aulas.
No ano passado, os reeducandos passaram por outra qualificação ofertada pelo Programa Nacional de Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) Prisional.
A penitenciária começou o ateliê com máquinas, operadas incialmente pelos reeducandos mais que já tinham alguma experiência com costura. Jerson, Adenilson e Valdenir começaram a atividade costurando à mão e hoje são responsáveis pela confecção dos uniformes de parte dos 1.400 presos, além de jalecos e calças usados pelos professores e agentes da unidade. “Estou há três anos no projeto e com os cursos do projeto Japuíra e do Senai aprendi a costurar malha e brim e hoje ajudo os que ainda não tem muita experiência”, diz Valdenir.
Além dos uniformes da penitenciária, a oficina produz peças para outras cadeias públicas do estado, assim como a oferta de serviços a entidades públicas. “A habilidade demonstrada pelos reeducandos trouxe a possibilidade de produção de outros itens de vestuário em parceria com empresários locais, como por exemplo, pijamas infantis que foram confeccionadas com material doado por comerciantes e depois entregues a crianças de creches locais”, pontua Emmanuel.
Diretor da penitenciária, Ailton Ferreira, destaca a importância das atividades laborais como uma oportunidade de auxiliar o preso no processo de retorno à sociedade. “O mercado de trabalho é carente desses profissionais e essa oportunidade aos vislumbra novos horizontes a quem se encontra segregado, oportunizando a profissionalização para que ao alcançar a liberdade possa buscar a efetiva inserção no mercado de trabalho e, consequentemente, no meio social”.
Texto: SESP MT