PF acha planilha da JBS que traz ex-ministro e senador de MT

O nome do senador Wellington Fagundes (PR) aparece em uma planilha apreendida na sede da empresa JBS, em São Paulo, referente a uma conta corrente aberta especialmente para abastecer partidos e políticos brasileiros.

Além de Fagundes, outras 63 pessoas aparecem nas movimentações financeiras detalhadas no documento, como o ex-ministro da Agricultura e atual secretário nacional de Políticas Agrícolas, Neri Geller. Seu nome foi assinalado entre parênteses na frente do de Wellington.

Na relação aparece ainda o nome Temer, que supostamente seria uma referencia ao presidente da República, Michel Temer (PMDB).

A informação foi divulgada pelo site da revista Época, nesta segunda-feira (23). Conforme o texto, a planilha foi encontrada pela Polícia Federal dentro de uma pasta no gabinete de Wesley Batista – um dos proprietários da empresa – em 11 de maio deste ano.

O documento foi apreendido no âmbito da Operação Maquinários, da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul. Na planilha, há detalhamento sobre os valores repassados aos políticos para a campanha de 2014.

As planilhas revelam as transações financeiras na conta corrente e detalha as datas de pagamento, nome do recebedor, valores das transações e até o saldo da conta corrente no dia em que o dinheiro foi debitado.

De acordo com a Revista Época, as anotações da JBS, feitas entre 25 de agosto de 2014 – data em que a conta foi aberta, com saldo inicial de R$ 320 mil – e 21 de janeiro de 2015, sugerem que a empresa depositou mais de R$ 56 milhões na conta.

Conforme a planilha, o senador Wellington Fagundes recebeu R$ 300 mil da JBS em 5 de setembro de 2014. O valor teria sido repassado por meio de Neri Geller.

O repasse da JBS ao senador, por meio de Neri Geller, já havia sido demonstrado em agosto deste ano, pela própria Época, por meio de uma outra planilha, também da JBS, na qual eram detalhados os valores repassados aos políticos.

Os recursos

A reportagem da Época revela que o dinheiro repassado pela JBS aos políticos era originário de aportes feitos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Os aportes eram feitos mediante um pedágio de 4% ao Governo do PT, num acerto feito anos antes por Joesley Batista com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega.

O dinheiro foi estocado em duas contas nos Estados Unidos, cujo saldo superou os US$ 150 milhões. Na campanha de 2014, a mando de Mantega, começou a ser distribuído. Para Temer, especificamente, teriam sido destinados R$ 15 milhões – ele ficou com parte em dinheiro vivo e repassou valores para correligionários.

Na parte superior de cada página do documento divulgado pela Época há a descrição “contas correntes – supermercados MG (Marcelo)”.

O fato levou a Polícia Federal a acreditar que um supermercado – supostamente localizado em Minas Gerais – teria sido usado como empresa de fachada para o repasse de dinheiro ilegal.

Conforme a reportagem, o uso de rede de varejistas para repassar recurso ilícito a políticos dos mais variados partidos tem sido uma prática de alvo das investigações que correm no âmbito da Lava Jato. Os supermercados são considerados ótimas fontes de pagamentos em dinheiro vivo para campanhas eleitorais.

Delatores da JBS já revelaram que o frigorífico combinava com os supermercados pagamentos pelos seus produtos em espécie e, em seguida, destinava as quantias diretamente a emissários dos políticos beneficiados. Segundo o ex-executivo Ricardo Saud, os supermercados não sabiam do que se tratavam os pagamentos nem tiveram qualquer tipo de vantagem.

Ambos citados ainda não se pronunciaram sobre o assunto.

Texto: Mídia News