Plantio tem maior avanço em 6 semanas em Mato Grosso

Há seis semanas, produtores de Mato Grosso deram início ao plantio da safra 2017/18, mas ainda não semearam nem a metade da superfície prevista para este ciclo. Somente na semana passada, com a maior presença das chuvas, é que os trabalhos puderam ser intensificados e Mato Grosso registrou o maior avanço semanal desta etapa, até o momento, atingindo quase 19 pontos percentuais. Com esse ritmo, a área plantada, prevista em 9,41 milhões de hectares, passou a 44,03% do total, ante, 25,82% da semana anterior.

A falta de volumes e até da regularidade das precipitações travam a tomada de decisão dos produtores, que temem por avançar os trabalhos e fica muitos dias sem chuvas. Mesmo com os registros de umidade dos últimos dias e com o avanço semanal no ritmo do plantio, o volume semeado até a semana passada estava abaixo dos 67,73% observados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em igual momento do ano passado. Se nesse ciclo a falta de chuvas segura o ritmo nas lavouras, no ano passado foi justamente o contrário, a abundância das chuvas durante todo período de semeadura é quem ditou os trabalhos, fazendo do plantio da safra 2016/17 o mais rápido da história.

Algumas regiões, como a médio norte e a oeste que se destacam na celeridade do plantio ano-ano – e nessa safra respondem juntas por mais de 45% da área total com soja no Estado – estão com parciais bastante diferentes do que se via no ano passado. Nesse mesmo momento de 2016, ambas se encaminhavam para a reta final do plantio, com 83,39% e 88%, de suas áreas semeadas, respectivamente. Até o último dia 27, o médio norte atingiu 58% dos 3,17 milhões de hectares estimados e o oeste, 79% dos 1,11 milhão de hectares projetados para receber a oleaginosa nessa safra.

Realidade

Os analistas do Imea chamam à atenção para os impactos desses atrasos nos ciclos das plantas, onde há um desenvolvimento heterogêneo entre as regiões produtoras de Mato Grosso, justamente pela presença e falta de chuvas. “Isso se deve, principalmente, às chuvas desta safra que vieram mais atrasadas em relação à safra 2016/17 e em menor quantidade. Das sete macrorregiões que servem de referência para nossos levantamentos, em apenas uma, no noroeste, o volume de chuvas registrado até outubro superou as médias registradas em novembro do ano passado, a média dos últimos cinco anos e ainda indica estar acima da previsão de volumes pluviométricos que temos para novembro”.

As outras macrorregiões

Oeste, nordeste, médio norte, centro sul, norte e sudeste – tiveram em outubro volume abaixo do esperado e do registrado em 2016 para o período. Em Rondonópolis e Canarana, municípios-polo das regiões sudeste e nordeste, respectivamente, o volume de chuvas apurado em outubro é o pior do Estado. No sudeste o mês registrou até o último dia 27 pouco mais de 10 milímetros acumulados e no nordeste não chegou a 50 milímetros. Diante da realidade, essas regiões são as que mais registram atrasos em relação ao ano passado.

Ainda como acrescentam os analistas, se até o momento Canarana teve menos de 10 mm, em novembro do ano passado foram mais 350 mm e para o próximo mês a previsão é de menos da metade do que foi em novembro do ano passado, com 150 mm de média.

Atraso maior

No nordeste, por exemplo, 20,55% dos 1,55 milhão de hectares estão semeados até o dia 27 de outubro. Nesse ano, apenas 5,46% de uma área praticamente igual, estavam plantados até a última sexta-feira. No sudeste estão semeados 31,29% de 1,96 milhão contra 68,34% da mesma superfície do ano passado. Desconsiderando o clima bastante favorável registrado no Estado no momento do plantio da safra 2016/17, os trabalhos nessas mesmas regiões apresentam atrasos em relação a 2015, período marcado também por atrasos por falta de chuvas. Naquele ano, o nordeste ia fechando o mês de outubro com 15,41% da área plantada – até o dia 29 – e o sudeste atingia 39,92% na mesma data.

Além da heterogeneidade das lavoras que tendem a apresentar fases distintas de desenvolvimento e mais distintas ainda de produtividade, o atraso na soja vai deixando cada vez menor o período de plantio ao milho safrinha. “De acordo com as previsões climáticas, para novembro os volumes de chuvas tendem a aumentar, o que pode dar ritmo às regiões mais atrasadas. Mas, mesmo assim, a quantidade tende a ser abaixo da média dos últimos cinco anos na maior parte do Estado. Neste momento, as condições climáticas seguem como grande preocupação aos produtores, pois a possibilidade em torno de ressemeadura de algumas áreas ganha força na medida em que a chuva não chega no tempo, no volume e na regularidade necessárias. Além disso, a preocupação em torno da janela de semeadura da 2º safra, principalmente do milho, é outro fator de atenção. Apesar de todas as preocupações, a consolidação da safra 2017/18 está em aberto, em razão de todos esses ‘poréns’”.

Texto: Diário de Cuiabá