Policiais usam rastreador de carro para roubar droga de traficantes em MT

Depoimento de um dos alvos da Operação Renegados que cumpriu mandados judiciais contra 22 membros de uma organização criminosa, incluindo policiais e ex-policiais civis e militares, mostra que o bando atuava em diversos tipos de extorsão. Uma das frentes de atuação envolvia até o roubo de drogas, que era tomada de outras quadrilhas de traficantes . E para isso os integrantes utilizavam  rastreamento de veículos para monitorar as “vítimas” que nesse caso eram outros criminosos.

Esses detalhes foram repassados por Domingos Savio Alberto de Sant’Ana, de 60 anos, durante seu interrogatório prestado na noite da última sexta-feira (6) no Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), em Cuiabá. O depoimento foi tomado por três delegados da Polícia Civil e acompanhado por dois promotores de Justiça e uma advogada.

Domingos, que já foi condenado por crimes de estelionato e corrupção passiva, confessou que fazia parte da organização criminosa investigada pelo Gaeco, mas alegou que sua participação era de menor importância, consistindo apenas em dar informações de possíveis alvos ao grupo criminoso bem como dando auxílio ao bando. Inclusive, ele não soube informar quem era o líder da quadrilha.

Dentre sete nomes de policiais citados no depoimento, todos presos na operação, Domingos afirmou que só conhecia dois deles (Borjão e Rogerinho), porque ambos já tinham efetuado sua prisão. Das informações que ele prestou, boa parte, alegou que apenas ouviu falar e que não teve participação direta.

Nesse contexto, Domingos Savio Alberto disse ter ouvido falar que o grupo de policiais e ex-policiais estava envolvido no arrocho de drogas e extorsão de pessoas mais velhas que saiam com menores. “Que o interrogando sabe que a organização criminosa utilizava de rastreador veicular, com a finalidade de monitorar os alvos de quem o grupo iria tomar a droga, sendo que já viu Daniel com o rastreador veicular e o aplicativo deste no aparelho celular de Daniel”, consta no depoimento.

A operação Renegados foi deflagrada pelo Gaeco no dia 5 deste mês em Mato Grosso para cumprir 22 mandados de prisão e outros 22 de busca e apreensão expedidos pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá contra integrantes de uma quadrilha de policiais civis e militares suspeitos de crimes de corrupção, roubo e tráfico. Dos 22 alvos, 15 tiveram ordem de prisão cumprida pelo Gaeco no dia da operação.

As últimas prisões foram efetuadas na quinta-feira (6), quando o ex-servidor do Poder Executivo, Domingos Sávio Alberto De Sant’ana, foi detido nas diligências e na sexta-feira (7), após o investigador da Polícia Civil, Sandro Victor Teixeira Silva, se apresentar na delegacia. Permanecem foragidos: Reinaldo do Nascimento Lima, Jovanildo Augusto da Silva, Genivaldo de Souza Machado, João Martins de Castro e Neliton João da Silva.

Até então já estavam presos: Dhiego de Matos Ribas (policial civil), Edilson Antônio da Silva (policial civil), Natalia Regina Assis da Silva (namorada de Edilson), Alan Cantuário Rodrigues (policial civil), Júlio César de Proença (policial civil), Paulo da Silva Brito (policial civil), Rogério da Costa Ribeiro (policial civil), André Luis Haack Kley (policial civil), Frederico Eduardo de Oliveira Gruszczynski (policial civil), Evanir Silva Costa (ex-policial civil), Raimundo Gonçalves de Queiroz (já estava preso, ex-policial civil), Manoel José de Campos (policial militar), Adilson de Jesus Pinto (policial militar) e Delisflasio Cardoso Bezerra Silva.