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Policial que agrediu idoso alega sobrecarga de serviço, mas está licenciado
Uma publicação do Diário Oficial do Estado (Iomat) mostra que o policial civil, Ailton Afonso Batista, 51, flagrado agredindo o idoso Vitalino Xavier Santos, 91, dentro de uma agência da Caixa Econômica Federal, não está na ativa há 1 mês por causa de uma licença-prêmio de 30 dias.
A informação coloca em xeque a alegação do investigador de sobrecarrega de serviço e que por isso teria se descontrolado quando fez ameaças, apontou uma arma, empurrou e derrubou Vitalino no chão.
Em nota divulgada ontem (30), além de tentar justificar a agressão, o policial também pediu perdão ao idoso. Por sua vez, Vitalino afirmou que vai exigir que seja punido e condenado para que não faça novas vítimas.
A agressão foi praticada pelo investigador na última sexta-feira (27) dentro do banco situado na Avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá. Além de ter sido presenciado por clientes do banco, o ataque também foi gravado e divulgado nas redes sociais. Diante da repercussão negativa e cobrança de punição, Ailton divulgou uma nota se retratando e pedindo perdão ao aposentado. Argumentou que o desempenho da função policial “sofre uma sobrecarga de serviço que significa trabalhar sob pressão”.
No entanto, o Gazeta Digital constatou que Ailton entrou de licença-prêmio no dia 2 deste mês. O benefício se estende até esta terça-feira (31), o que significa que o policial só deve voltar ao trabalho nesta quarta-feira (1º). A escala de licença-prêmio de 2018 com dezenas de nomes de policiais foi publicada pela Diretoria-Geral da Polícia Civil na edição nº 27.202 do Iomat que circulou no dia 16 de fevereiro deste ano. Ailton está lotado na Delegacia Especializada de Repressão à Entorpecentes e tem um salário de R$ 10,1 mil.
Vitalino Xavier foi chamado de ladrão, teve uma arma encostada contra o peito e depois foi empurrado ao chão. Ele ainda tem muito vivo na memória as cenas de humilhação sofridas na semana passada e afirma que só perdoará o agressor depois que ele for condenado e pagar pelos crimes que cometeu. “Se não for assim, ele vai continuar fazendo novas vítimas”.
Agressivo, descontrolado e aos gritos. Foi assim que o investigador entrou na agência da Caixa Econômica Federal, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, na manhã do dia 27. Logo acusou o idoso de ladrão, tomando sua bolsa, encostou uma arma de fogo em seu peito e o empurrou bruscamente.
Vitalino lembra com tristeza o episódio. Conta que queria simplesmente tirar um extrato da sua conta e se assustou quando o investigador entrou apontando o dedo para ele. “Ele se dirigiu diretamente a mim. Fiquei sem entender, porque ele só me chamava de ladrão e só depois disse que queria o cartão do banco que, segundo ele, estava comigo”.
O idoso relata que o policial partiu para cima dele, arrancou de suas mãos uma bolsa que estava com seus documentos e jogou tudo no chão. Após vasculhar seus pertences e não encontrar o que procurava, sacou a arma de fogo da cintura e encostou no peito de Vitalino o empurrando para trás. “Ele pensou que talvez o cartão estivesse no bolso da minha camisa. Mas logo gritou que ia encontrar seu cartão nem que pra isso tivesse que revistar todo mundo”.
A vítima foi em direção ao investigador e disse que ele não tinha o direito de tratar as pessoas de forma tão agressiva. Momento em que Ailton o empurrou e ele caiu. O policial civil ainda teria tentado dar continuidade às agressões, mas outros clientes impediram. Ailton saiu da agência e fez uma ameaça, falando que ele era policial e que não sabiam com quem estavam lidando.
Casado há 55 anos com Catarina Xavier, 74, e pai de 11 filhos, Vitalino diz que se sentiu humilhado e que jamais esperava isso de um policial, após servir a Polícia Militar por 35 anos.
Texto: Welington Sabino e Elayne Mendes/Gazeta Digital