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Secretário ouve delegada após juíza apontar indícios de escutas clandestinas
A delegada da Polícia Civil Alana Cardoso, que conduziu a operação Forti, foi ouvida pelo secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas.
Na operação em questão há indícios, apontados pela juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal, de que escutas telefônicas foram feitas de forma clandestina, tendo como uma das vítimas uma ex-amante de Paulo Taques, ex-secretário da Casa Civil.
A reportagem procurou a delegada Alana Cardoso, mas ela não quis comentar o assunto. Disse apenas que foi convocada a prestar esclarecimentos no dia 26 de maio.
Conforme ofício enviado por Jarbas ao delegado-geral da Polícia Civil, Fernando Spinelli, Alana relatou que a operação Forti foi iniciada no começo de 2015 para investigar uma organização criminosa que atuava em presídios do estado. Essa operação estaria sob a coordenação da delegada Alessandra Saturnino, que na época era secretária-adjunta de Inteligência da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp).
Por meio de assessoria, a delegada Alessandra Saturnino disse que, antes de se manifestar sobre o assunto, precisa ser ouvida pela Corregedoria da Polícia Civil. Alegou, porém, que as suas ações foram legítimas e legais e que a Operação Forti envolveu todos os órgãos de segurança pública.
Segundo o documento, a delegada Alana contou que, em março de 2015, Alessandra lhe procurou e disse que havia a suspeita de supostas ameaças contra autoridades do estado. Disse também que a então secretária-adjunta incluiu os telefones da ex-amante de Paulo Taques e de uma amiga, servidora da Casa Civil, na operação Forti, mesmo sem indícios da participação delas nos crimes investigados.
Ainda conforme o documento encaminhado por Jarbas, Alana disse que os números dos dois telefones foram inseridos em paralelo dentro na operação Forti, numa outra operação chamada Pequi, e que os áudios foram direcionados a um analista, Rafael Meneguini, que trabalhava com Alessandra Saturnino.
O relatório cita ainda que o Gerson Vinicius, diretor de Inteligência da Polícia Civil, declarou que a delegada Alana pediu, em 27 de fevereiro de 2015, que alguns alvos fossem separados da operação Forti e que somente ela e Meneguini tivessem acesso às informações. A operação Pequi foi implantada internamente na Sesp, e também coordenada por Alessandra Saturnino.
Alana teria dito ainda ao secretário que após ouvir as conversas da ex-amante de Paulo Taques e da amiga, entrou em contato com o delegado Flávio Stringueta, então chefe da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), e que ficou acertado que ele também interceptaria os áudios daqueles telefones, naquela que ficou conhecida depois como Operação Querubim.
Em relatório da operação, porém, o delegado havia dito que começou a operação depois de ter recebido ligação anônima de que havia um plano em andamento para prejudicar o governador. No inquérito da investigação, Stringueta aponta que as interceptações telefônicas revelaram que o alvo da mulher seria Paulo Taques, a quem ela queria “causar problemas e perturbar o casamento”. Posteriormente, a investigação foi arquivada por falta de provas.
Nessa quarta (31), Stringueta foi designado pelo desembargador Orlando Perri para ser o responsável pelo inquérito sobre os grampos feitos pela Polícia Militar, que vitimaram mais de 100 pessoas, entre elas advogados, políticos, jornalistas, médicos e servidores públicos.
Texto: G1-MT