Sem atendimento, crianças com câncer padecem e pais se desesperam

O olhar cabisbaixo de Driele Gonçalves da Silva Oliveira traduz toda aflição que ela sentiu depois que se deslocou até a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá e recebeu a notícia que seu filho, Roberth Miguel, de 3 anos, que possui um tumor, não poderia ser submetido a mais uma sessão de quimioterapia. Assim como ela, outros pais se desesperam em busca de uma unidade hospitalar que atenda seus filhos, que lutam diariamente contra o câncer, doença que tira a vida de mais de 200 mil pessoas por ano.

Na última segunda-feira (11), a direção da unidade paralisou os serviços e alegou o não cumprimento do repasse de R$ 3,6 milhões da Prefeitura de Cuiabá. Os pacientes oncológicos deveriam ser remanejados para outras unidades. Já os pacientes renais e que passam por hemodiálise estão sendo atendidos normalmente.
 
No entanto, essa gestão é feita pelo município e como não há vagas no Hospital de Câncer de Cuiabá, os pais ficam na incerteza se conseguirão atendimento para os filhos. Por meio da assessoria de imprensa, o Hospital de Câncer informou que irá receber os pacientes conforme forem encaminhados pela Central de Regulação e de acordo com a disponibilidade de vagas em cada especialidade.
 
Na manhã de ontem (13), a reportagem do Olhar Direto esteve na Santa Casa de Misericórdia e constatou uma situação de desespero. Nos corredores pintados de azul, famílias, voluntários e também funcionários, entoavam frases como, “queremos solução” e a “a clínica não pode fechar”.

Roberth Miguel faz tratamento na Santa Casa de Misericórdia há quase dois anos. Há um ano e meio, ele teve que passar por uma cirurgia de retirada de um tumor, que pesava um quilo e meio e estava em seus rins. Por conta disso, um dos órgãos ficou comprometido e teve que ser retirado. Depois de um ano, os médicos descobriram um nódulo no pulmão. Roberth teve que passar por 16 sessões de radioterapia. Quatro dias após o término do tratamento, um novo caroço surgiu no rosto da criança. Saiba mais.

Texto: Fabiana Mendes/Olhar Direto