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Suspeitos de terrorismo planejavam usar armas químicas nos Jogos Olimpícos
Os suspeitos de envolvimento com uma célula terrorista ligada ao Estado Islâmico planejavam realizar um ataque com armas químicas durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que aconteceram no mês passado.
O plano foi descoberto pela Polícia Federal de Brasília em mensagens de texto no aplicativo de mensagens Telegram. Além disto, foi questionado se todos sabiam fazer bombas caseiras. Dois homens de Mato Grosso estão entre os presos.
O plano dos terroristas seria contaminar uma estação de abastecimento de água. “Ótima oportunidade para matar americanos, iranianos, shiitas, saudis etc”, disse um membro do grupo. Quinze suspeitos foram presos entre 21 de julho e 11 de agosto. O monitoramento começou em março, com a infiltração de um informante no grupo. O FBI foi quem emitiu o alerta às autoridades brasileiras.
Alisson Luan de Oliveira enviou a seguinte mensagem para o grupo: “Já imaginaram um ataque bioquímico, contaminar as águas em uma estação de abastecimento de água? Fazer tipo um progrom contra os kaffirs [infiéis], entraria pra história. Ou, caso for exagero demais, faríamos um ataque mais simples”.
O suspeito se refere a uma perseguição a judeus na Rússia e a minorias étnicas da Europa. O termo que surgiu no século 19, passou a ser utilizado também em ações que buscam o extermínio em massa. “A vossa oportunidade de conseguir entrar no paraíso de Allah está naquela olimpíada”, disse outro membro do grupo, Mujahid Joelson Abdu-Salvador, possivelmente de Angola.
Os integrantes da célula terrorista ainda pensavam em um plano B: “Ou fazer igual os chechenos naquela maratona de Boston [onde três pessoas morreram e 264 ficaram feridos]”. Neste momento, outro membro do grupo questiona: “Vcs sabem fazer bombas caseiras, certo?”.
Até uma receita de como fazer pólvora e bomba caseira é disseminada no grupo. Leonid El Kadre de Melo, preso em Mato Grosso, sugere que todos se preparassem com treinamento em artes marciais e manuseio de armas de pequeno e médio portes, bem como de artilharia pesada, além da obtenção de recursos financeiros e humanos para enviar ao Estado Islâmico.
Leonid seria um dos líderes da célula. A Polícia Federal tem até o dia 9 de setembro para apresentar à Justiça Federal as análises do material apreendido. A Justiça Federal do Paraná determinou a prorrogação por mais 30 dias dos suspeitos.
Em defesa do irmão, Leonid El Kadre, preso em Mato Grosso acusado de tramar ataques terroristas durante a Olimpíada do Rio de Janeiro, Zeina El Kadre diz não acreditar que o familiar seja capaz de cometer qualquer ato deste tipo. Ela alega que Leonid se converteu ao islamismo há cerca de seis anos e que a família está surpresa e angustiada com a situação.
De acordo com Zeina, o filho e a esposa do suspeito tem sofrido com as notícias de sua prisão, evitando até sair de casa. “Pra gente que está assistindo tudo isso sem poder fazer nada, é muito triste. O filho dele tem sofrido, não pode sair de casa. A mãe do filho dele não pode sair de casa porque as pessoas falam, apontam, comentam. A polícia está no pé dela 24h… É muito Triste.”
Prisões em Mato Grosso
Leonid El Kadre foi preso na cidade de Campos de Júlio (597 km de Cuiabá), onde trabalhava como mecânico. Além dele, a PF também investiga Valdir Pereira da Rocha. Conhecido como Mahmoud, Valdir se entregou à polícia na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade dois dias após a deflagração da operação.
Hashtag
A operação foi deflagrada na data de 21 de julho. Além dos detidos, farta quantidade de material como mídias, celulares e outros equipamentos foram apreendidos com os suspeitos. Entre os materiais colhidos estão cerca de 4.000 páginas com mensagens dos investigados em redes sociais, que fariam referência ao ato terrorista que seria executado durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Segundo a Polícia Federal, foram interceptadas mensagens determinando o início da prática de artes marciais e a tentativa de compra de um fuzil AK-47 em um site clandestino de vendas de armas paraguaio. Havia também mensagens. As prisões ocorreram depois que os integrantes passaram de vangloriar atos terroristas recentes no mundo e a dizer que o Brasil seria um bom alvo para ataques por causa do fluxo de estrangeiro nas Olimpíadas.
As prisões foram as primeiras realizadas em solo brasileiro com base na lei antiterrorismo, sancionada em março pela ex-presidente, Dilma Rousseff. Também foram as primeiras detenções por suspeita de ligação com o grupo terrorista Estado Islâmico, que atua no Oriente Médio, mas tem cometido atentados em várias partes do mundo.
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Texto: Olhar Direto