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Taques sabia do esquema de grampos desde o início, diz delegado
O delegado da Polícia Civil Flávio Stringueta, um dos responsáveis pelas investigações sobre os grampos, afirmou que as investigações mostram que o governador Pedro Taques (PSDB) conhecia o esquema de interceptações clandestinas, que vigorou no governo do estado entre 2014 e 2015. Por meio de assessoria, o governador informou que não irá se manifestar sobre o assunto.
“O então candidato ao governo José Pedro Taques tinha conhecimento, avalizou esses grampos, e depois, enquanto o governador, continuou mantendo isso, de alguma forma, através do seu secretário da Casa Civil, o senhor Paulo Taques”, declarou o delegado.
Stringueta e a delegada Ana Cristina Feldner fazem parte da equipe que tinha sido montada no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) para investigar os grampos.
Primo do governador Pedro Taques, Paulo Taques, que está preso desde o dia 27 de setembro, é ex-secretário da Casa Civil de Mato Grosso. Ele assumiu o cargo no primeiro escalão do governo e o deixou em maio deste ano, quando o Fantástico denunciou o esquema.
Paulo Taques é tido como um dos supostos líderes do esquema, como o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), declarou na decisão que mandou prendê-lo.
Nesta semana, o processo foi remetido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) por determinação da Corte e as investigações devem seguir em sigilo.
À época em que teve início o esquema de grampos, em 2014, Pedro Taques era candidato ao governo do estado.
Em vídeos obtidos com exclusividade pela TV Centro América, o cabo da Polícia Militar, Gerson Corrêa Júnior, confessa, em depoimento ter operado um sistema ilegal de escutas, que começou em setembro de 2014. Foram monitorados os telefones de adversários políticos, jornalistas, servidores, advogados, do Ministério Público Estadual (MPE) e da Justiça.
O cabo Gerson disse ter recebido R$ 50 mil em dinheiro vivo de Paulo Taques, à época coordenador jurídico da campanha de Pedro Taques, para custear as despesas com os grampos. No depoimento, ele conta que a negociação foi intermediada pelos coronéis da Polícia Militar, Evandro Lesco e Zaqueu Barbosa, ex-comandante da PM do estado, que estão presos.
“Particularmente, tomei conhecimento de que teria essa plataforma, que seria utilizada para conotação política”, disse.
Segundo Gerson, Zaqueu era quem passava os nomes para serem grampeados e ainda usava esses dados em operações policiais direcionadas.
“Evidentemente, ele nos orientou, me orientou para realizar o acompanhamento dessas pessoas nesse período que antecedia ao pleito eleitoral de 2014”, pontuou.
A denúncia dos grampos foi encaminhada à Procuradoria Geral da República pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, que foi secretário de Segurança no governo de Pedro Taques. Mauro Zaque disse ter deixado o cargo porque fez a denúncia ao governador e nenhuma medida foi tomada contra o grupo que operava os grampos.
No mês passado, Paulo Taques e mais sete foram presos suspeitos de tentarem forjar uma denúncia contra o desembargador Orlando Perri, que era o relator do caso. O plano, classificado pelo magistrado como “infernal”, foi descoberto após depoimento do tenente-coronel da PM José Henrique Costa Soares, que atua como escrivão no Inquérito Policial Militar (IPM) sobre as escutas clandestinas.
Ele denunciou que o grupo o cooptou, sob chantagem e ameaça, para gravar conversas com o desembargador com uma microcâmera, que foi colocada na farda dele.
Texto: G1-MT