“Temos esperança de uma vitória diante de tanta dor”, diz mãe de estudante sobre recurso do MP

A família do acadêmico de Sinop Eric Francio Severo, de 21 anos, que foi cruelmente assassinado em dezembro de 2014, mantém a esperança de que seja revertida a decisão que reduziu em 6 anos e 9 meses a pena do latrocida Márcio Marciano Batista, de 33 anos.

O Ministério Público Estadual (MPE) ingressou com um recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra a decisão dos desembargadores da Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que reduziram a pena do latrocida para 22 anos de prisão.

Em entrevista ao Portal Sorriso, o jornalista e advogado Leonildo Severo disse que a família tem a esperança de que a sentença, no mínimo revoltante para a família, seja revertida. Além de Márcio, estiveram envolvidos no crime Rafael Bruno dos Santos Massuco, que foi condenado a 22 anos de prisão, e Acácio Batista, condenado a 8 anos e meio.

“Qualquer redução, mesmo que seja de um dia, é como matar de novo a família, além de uma ofensa e desrespeito. Quando o Tribunal diminui uma pena ele dá mau exemplo à sociedade. Isso não é bom para a sociedade. A pena máxima de 30 anos já não é ideal para esse tipo de crime, pois dentro da cadeia há muitas possibilidades, pois eles [latrocidas] se fazem de santos para saírem de lá”.

A mãe do estudante de Medicina Eric, Soely Francio Severo, fez um desabafo no perfil no Facebook sobre o recurso da Promotoria, e o desejo de justiça. “São 2 anos e 10 meses sem o nosso Eric. Ao MP, como mãe, me pronuncio, depois de tantas lutas, que considero uma decisão importante, esperança e uma vitória diante de tanta dor, pois sabemos que vai depender da decisão STJ. Obrigada”.

Em luta em prol de uma causa que visa sensibilizar o Congresso Nacional para que seja alterada a lei para punir quem comete latrocínio, a família de Eric segue na esperança de que seja aprovado o Projeto de Lei 353/2015. “Queremos para que outras famílias não fiquem destruídas como nossa e a de muitas outras. Em lágrimas, digo que lugar de assassino é na cadeia. Meu filho recebeu a pior pena nesta vida: a morte”, frisa Soely Severo.

Para Leonildo, a pena máxima para os latrocidas deveria ser atualizada para 55 anos a fim de se equiparar à expectativa de vida da sociedade. Por enquanto, a família de Eric luta para que, ao menos, haja o aumento de 30 para 50 anos a pena para latrocínio e outros crimes hediondos.

Por isso, o Instituto Eric, que é uma organização criada em homenagem a Eric Francio Severo, que foi vítima de latrocínio em Sinop quando tinha apenas 21 anos, pediu e, no dia 12 de fevereiro de 2015, o deputado federal Major Olímpio Gomes (SP) apresentou o Projeto de Lei 353/2015, que aumenta o tempo de prisão de 30 para 50 anos.

“Estamos aguardando a nomeação de um novo relator. Não fomos mais a Brasília porque não tinha o relator. A gente acredita que, a partir do próximo ano, até com a perspectiva de propostas eleitorais, a gente vai bater duro nos candidatos para discutirmos essa questão”.

Perguntado sobre quantas assinaturas favoráveis ao projeto de lei o Instituto Eric já auferiu, Leonildo relembrou que a petição online também segue disponível no site: https://institutoeric.org/.

“Entregamos 112 mil assinaturas em maio do ano passado, mas várias outras já chegaram por escrito, e online já passaram de 3 mil. A ideia é conscientizar à sociedade. A Soeley faz também um trabalho de relatar outros fatos e de manter isso sempre aceso porque o nosso viver é não esquecer. Estamos indo como formiguinhas, como beija-flor jogando gotinhas no incêndio, mas não há outro caminho e aos poucos vai contagiando até que a sociedade tome consciência de que o poder é dela”.

Eric completaria 24 anos no dia 1° de novembro, e estaria no 5° ano de medicina. 

Texto: Luana Rodrigues/Portal Sorriso