Tenente acusada de tortura em treinamento e militares vão responder em ações separadas

Oito testemunhas foram ouvidas pelo juiz da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Marcos Faleiros da Silva, durante a primeira audiência do processo sobre a morte do aluno do Corpo de Bombeiros, Rodrigo Patrício Lima Claro, de 21 anos, durante treinamento prático da corporação, em 2016.

Na audiência, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), o juiz determinou o desmembramento da ação.

Com isso, a tenente Izadora Ledur, que atuava como instrutora do curso de formação e teria excedido nas aulas e é acusada de tortura, e os outros cinco militares acusados de omissão na morte do aluno vão responder pelo crime em processos separados.

São réus por omissão o tenente-coronel Marcelo Augusto Revéles Carvalho, comandante do 1º batalhão e superior da tenente; o tenente Thales Emmanuel da Silva Pereira, o sargento Diones Nunes Sirqueira, cabo Francisco Alves de Barros e sargento Eneas de Oliveira Xavier.

A Promotoria de Justiça pediu que o processo seja encaminhado para a Justiça Militar.

Para o MPE, Rodrigo Claro foi submetido a sofrimento físico e mental, com o uso de violência como punição pelo desempenho dele. Ele passou mal durante o treinamento e morreu.

Ledur foi denunciada e se tornou ré no processo por tortura. Desde o crime, Ledur já apresentou sete atestados médicos e ficou afastada da função. A defesa de Ledur não quis se manifestar sobre o assunto.

A morte

Rodrigo morreu no dia 15 de novembro de 2016, após passar mal em uma aula prática na Lagoa Trevisan, em Cuiabá. De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual, Rodrigo demonstrou dificuldades para desenvolver atividades como flutuação, nado livre e outros exercícios.

“Os métodos abusivos praticados pela instrutora consistiram tanto de natureza física, por meio de caldos com afogamento, como de natureza mental utilizando ameaças de desligamento do curso”, como consta na denúncia.

Texto: G1 MT