Tenente ré por morte de aluno tenta promoção nos Bombeiros

A tenente Izadora Ledur Souza Dechamps, do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, passará por uma inspeção de saúde para tentar promoção dentro da corporação. A informação consta no Boletim Geral Eletrônico dos Bombeiros do dia 21 de fevereiro.

A oficial é acusada de torturar o aluno Rodrigo Patrício Lima Claro, de 21 anos, que morreu em novembro de 2016, durante um treinamento na Lagoa Trevisan.

Ledur, que hoje trabalha na área administrativa, quer se tornar capitã. Atualmente, a oficial recebe R$ 15,1 mil. Caso consiga a ascensão na hierarquia, o salário será R$ 19 mil. 

A inspeção de saúde é necessária quando o oficial requisita a promoção. Segundo o documento, a tenente deve passar pelo procedimento no dia 28 de março, às 7h30.

Ainda segundo a publicação, há 41 vagas de capitão do Corpo de Bombeiros em aberto, mas apenas nove oficiais atendem aos pré-requisitos. Sendo a Ledur, a primeira da lista.

A tenente Ledur responde por crime de tortura. O caso está em andamento na 11ª Vara Criminal Militar de Cuiabá, sob a titularidade do juiz Marcos Faleiros.

Dois anos afastada

Após dois anos afastadas da corporação, a tenente se apresentou em janeiro deste ano e está atuando na parte administrativa da Diretoria de Segurança Contra Incêndio e Pânico.  

Nos últimos dois anos, a tenente apresentou ao menos oito atestados médicos alegando depressão profunda, o que lhe permitiu o afastamento. O primeiro deles foi entregue à corporação em 25 de novembro, 10 dias após a morte do aspirante.

Relembre o caso

A morte do aspirante ocorreu em novembro de 2016, após intenso treinamento na Lagoa Trevisan.

Ele chegou a ser levado para o Hospital Jardim Cuiabá, na Capital, onde permaneceu internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por cinco dias.

Em depoimento, colegas de curso informaram que Rodrigo vinha sendo submetido a diversos “caldos” e que chegou a reclamar de dores de cabeça e exaustão.

Ainda assim, ele teria sido obrigado a continuar na aula pela tenente, que na época era responsável pelos treinamentos dos novos soldados da corporação.

A tenente foi afastada logo após a morte. No entanto, segundo o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Júlio Cézar Rodrigues, esta não foi a primeira vez que ela estava sendo investigada por cometer excessos nos treinamentos.

Da primeira vez ela foi acusada – em uma denúncia anônima ao Ministério Público Estadual (MPE) – de fazer pressão psicológica em alunos durante os treinos do 15º curso de formação dos bombeiros.

Texto: Cíntia Borges/Mídia News