Única aluna nota mil na redação do Enem em MT estudou 14 horas por dia
A jovem Gabriela Arenhart, de 21 anos, moradora de Tangará da Serra (244 quilômetros de Cuiabá), foi uma das 55 pessoas em todo país que conseguiu a nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado no fim do ano passado. Ela é a unica moradora do estado a obter a nota máxima.
Ela disse que o tema “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet” lhe deixou bastante nervosa, entretanto, ela conseguiu se acalmar e desenvolver suas ideias.
Em entrevista ao Olhar Direto, Gabriela contou que estudou por quatro anos em cursos de escolas particulares. No último ano, 2018, ela passou a dedicar 14 horas do seu dia na preparação para o exame que leva o aluno a uma universidade pública.
“Eu fiz quatro anos de cursinho em Cuiabá. Os três primeiros no Master e o último no Farina. Eu estudava integralmente, de manhã e a tarde. À noite eu revia alguns conteúdos, fazia alguns exercícios e no final de semana também. Geralmente eu reservava o domingo para a redação e no sábado eu via as outras matérias”, disse.
Na divisão de conteúdo para estudar, além da redação, a jovem disse que procurou focar nas disciplinas que mais lhe trariam pontos como: matemática, química, física e biológia.
Apesar da dedicação, ela ponderou que não teve uma nota excepcional nestas áreas, mas acredita que irá conseguir uma vaga no curso de medicina: “Fazendo uma média, não fiquei tão bem, mas tenho expectativa de passar ainda, nem que não seja na primeira chamada. Estou confiante, [talvez] na segunda ou terceira chamada que eu possa passar”.
Gabriela faz parte do grupo de 42 mulheres que tiraram a nota mil no Enem. Os dados apontam que apenas 13 foram de autoria de participantes do sexo masculino.
A prova teve quatro textos motivadores, sendo três reportagens e um gráfico de dados. Um dos textos, “O gosto na era do algoritmo”, escrito pelo jornalista Daniel Verdú, em 2016, foi publicado pelo jornal “El País”. O segundo texto é escrito pelo jornalista Pepe Escobar e se chama “A silenciosa ditadura do algoritmo”, publicado em 2017, no site Outras Palavras.
A terceira reportagem foi publicada pela BBC, em 2016. O texto “Como a internet influencia secretamente nossas escolhas” é de autoria de Tom Chatfield. Já o gráfico trás dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o uso da internet entre homens e mulheres.
O tema da redação causou nervosismo na estudante, que procurou manter a calma. “Para mim, o tema foi uma surpresa”, ponderou.
A mato-grossense acrescentou ainda que alunos que pretendem atingir a nota máxima da redação precisam estudar história, geografia e literatura. Na argumentação, ela disse que vale até mesmo citar a letra de uma música.
“Para quem faz cursinho ou está no terceiro ano, tem que prestar bastante atenção nas aulas de história, geografia, literatura, que dá para aproveitar na redação. Usar alguns recursos históricos, uma música, citar um livro. Para usar como recurso argumentativo na redação é muito bom. Ter organização na redação também. Definir bem a sua tese e desenvolver os argumentos”, disse a jovem.
Gabriela disse que não costuma usar redes socias, somente o aplicativo de mensagens WhatsApp. No entanto, durante a preparação para o exame, ela também abriu mão do aplicativo. “Tive que abandonar um pouco”, finalizou.
Dados
Os resultados revelam que 42 redações nota 1000, 76% dos casos, foram escritas por mulheres, contra 13 de autoria de participantes do sexo masculino. Dezessete dos melhores textos são de estudantes com 18 anos. Já os estudantes com 17 anos assinam 11 das redações nota 1000.
Na faixa etária dos 21 aos 30 anos estão 10 dos participantes com nota máxima. Em relação à origem, 33 são da região Sudeste, sendo 14 de Minas Gerais e outros 14 do Rio de Janeiro. Na sequência vem o Nordeste, com 14 dos melhores textos. O município com o maior número de representantes entre os destaques é o Rio de Janeiro, com cinco casos, seguido de Fortaleza, com quatro representantes.
As informações foram declaradas pelo participante durante a inscrição do Enem 2018. O levantamento considera a idade na data da prova, 4 e 11 de novembro de 2018, e a Unidade da Federação e o município onde o participante realizou o Exame.
Texto: Fabiana Mendes/Olhar Direto