Venda irregular de remédio tarja preta em MT é anunciada em rede social

 venda do remédio sibutramina, que só pode ser comercializado e usado mediante prescrição médica, está sendo anunciada em uma rede social, em grupos de Cuiabá e Várzea Grande, região metropolitana da capital, por até R$ 130. Os anúncios são feitos principalmente em grupos fechados de venda e troca de produtos e a entrega do remédio, na maioria das vezes, os vendedores prometem facilitar a entrega, para garantir que o negócio seja concluído.

A reportagem conversou com uma das pessoas que oferecem o produto desde 2015 na rede social, inclusive divulgando fotos da caixa do remédio, simulando interesse. Por telefone, a jovem disse ter conhecimento de que o produto apenas poderia ser vendido em farmácias a partir da apresentação de receita médica e chega a alertar sobre os riscos do uso.

“Eu compro e vendo. Se for usar, só não pode ter hipertensão, porque ele acelera seu metabolismo. E não pode tomar mais de três meses seguidos, se não vicia. Você tem que dar um tempo para daí tomar de novo”, disse.

A autora do anúncio, que oferece a caixa do remédio, com 30 comprimidos, por R$ 130, chega a orientar os interessados quanto ao modo de uso do medicamento e, para convencer, usa a si mesmo como exemplo, garantindo que o remédio dá resultado.  O preço do mesmo remédio em três farmácias é de R$ 55.

“Você tem que tomar um por dia e ele vai tirar toda a sua fome. Daí, você tem que lembrar de comer alguma coisinha de três em três horas, senão vai ter uma anemia, porque ele tira totalmente a sua fome. Eu tomei e já perdi 8 kg em dez dias”, afirmou.

A jovem afirma que aceita apenas pagamentos em dinheiro e que faz a entrega aos interessados. Ela garante, ainda, caso a pessoa precise, pode conseguir novas caixas do remédio.

A reportagem também encontrou anúncios de outros vendedores que oferecem o medicamento por até R$ 100, mas que preferem não deixar telefone para contato, pedindo aos interessados que tratem da compra por meio de mensagens na própria rede social. E a demanda é alta. Nas páginas dos grupos fechados visitados, a procura pelo remédio também é feita de forma aberta.

Riscos
A endocrinologista Maria Luisa Trabachin alerta que o uso do medicamento sem prescrição médica pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares – como um derrame ou um acidente vascular-cerebral – em pacientes que já apresentem histórico, bem como pode piorar a situação de pacientes diabéticos, por exemplo.

“A sibutramina não é um remédio tarja preta por conta do vício. Ela não causa dependência, mas, após um grande estudo feito, passou-se a ter um cuidado bem maior a ponto de que, em vários países, como nos Estados Unidos da América, a medicação foi suspensa”, disse.

Texto: G1-MT