Vítima de ‘perseguição’, médico sorrisense esclarece funcionamento de empresa

O apresentador do Balanço Geral (Record TV), Reinaldo Gottino, após veicular, ontem, uma reportagem da TV Sorriso sobre a precariedade do Hospital Regional de Sorriso, comentou sobre o assunto e previu que o médico Roberto Satoshi – que denunciou a situação reiteradas vezes – seria vítima de perseguição política.

Gottino ressaltou no programa: “Os problemas só vão ser resolvidos porque o doutor Satoshi botou a boca no trombone. Parabéns, doutor, nota dez para você. Mas, o senhor já sabe o que vai acontecer? Vão te ‘caçar’, vão te pressionar” (assista AQUI).

O choro agonizante do médico ganhou repercussão nacional e internacional. Desta vez, em alguns sites da capital mato-grossense, o nome do profissional voltou a ser citado, mas em uma suposta denúncia de ilegalidade.

Os portais divulgaram que o médico, que é um dos sócios da empresa Roberto Satoshi Yoshida & Cia Ltda, que atua em atividades de atendimento em pronto-socorro, faturou “ilegalmente” R$ 3,2 milhões em contrato com o Governo. Eles citaram que o fato de o médico ser funcionário de carreira caracterizaria conflito de interesse.

“Não recebi nada indevidamente. Porque a nossa empresa, que está no meu nome, recebeu legalmente. Nós temos contrato com o Estado, assinado, firmado e reconhecido. Alguém falar que isso é ilegal é uma inverdade muito grande, é uma ofensa”.

Perguntado se ele considera que essas notícias sejam uma espécie de retaliação às suas denúncias, o médico preferiu acreditar ainda que não seja vítima de um ‘contra-ataque’.

“Até porque eu não ataquei ninguém. Eu vou começar a receber bordoada sem ter feito nada de errado? Isso é um absurdo. Eu não admito isso, não. Eu não quero acreditar que estou sendo perseguido. Eu ainda acredito no governante, nos nossos parlamentares, pois nós colocamos ele lá [governador] para trabalhar em prol da sociedade. Mas quando vemos que a coisa está andando para trás, e que é contra a sociedade, a gente se revolta com isso”.

Roberto Satoshi explicou que é dono de 5% da empresa na qual é sócio. “O administrador é o doutor Rodrigo, que é cirurgião. Somos em oito ou nove cirurgiões e todos trabalham no Hospital Regional de Sorriso. Eu devia já ter mudado [o nome da empresa] que está desde a época que nós saímos da OSS para fazer o contrato com o estado. Só que você trabalha e esquece dessa outra parte burocrática. A gente é trabalhador, a gente não é burocrático, é diferente”.

Quando o Hospital Regional de Sorriso era administrado por uma Organização Social de Saúde (OSS), os médicos tiveram que abrir uma empresa para receberem o pagamento. “Fomos obrigados. No meu caso, que sou funcionário de carreira, o Estado me paga o salário todo mês, que já é descontado no valor que a empresa recebia. E o que eu recebia era do meu trabalho excedente aquelas 160 horas por mês”, explicou.

Apesar de alguns sites insinuarem que o médico teria denunciado o caos no HRS para que a empresa recebesse os pagamentos (ainda atrasados pelo Governo), Satoshi explicou que todos os membros do grupo nunca deixaram de trabalhar, apesar das dívidas somarem até 6 meses de atraso. “Isso não é motivo de conflito, mas, sim, quando eu fiquei preocupado quando me sinalizaram que o gás medicinal estava acabando, assim como os alimentos e os medicamentos. Eles estão tentando desmentir, mas é tudo verdade”.

Ofensa

Sobre o depoimento do deputado Gilmar Fabris (PSD), que acusou o médico de ter fingindo o choro para ganhar repercussão nacional, Satoshi novamente lamentou a fala do parlamentar.

“Eu acho que ele foi muito infeliz na colocação dele. É uma coisa deprimente, né? Ele não me conhece para me chamar de malandro também. Aonde que eu sou malandro? Eu sou trabalhador. Eu trato meus pacientes com muito respeito. Minha vida é tratada com muito respeito. Então, eu acho que ele se enganou muito quando me chamou de mentiroso”.

O médico agradeceu ao apoio do Conselho Regional de Medicina (CRM), do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed-MT) e da Associação Médica de Mato Grosso (AMMT), que emitiram nota de repúdio ao deputado Gilmar Fabris.

“Ele vai entender que nós temos apoio. Eu não estou sozinho. Há toda a sociedade e toda a equipe do hospital. Eu acho que isso mobilizou todos os médicos que estavam calados, angustiados, de estarem, talvez, proibidos de falar à imprensa. Mas eu acho que está na hora de falar, sim, da dificuldade e da calamidade que a saúde pública vive”.

Confira AQUI a reportagem completa no Cidade Alerta, programa da TV Sorriso (Record TV).

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Texto: Luana Rodrigues/Portal Sorriso MT