Wellington seria principal beneficiado com propina do MT Integrado, conforme delação

O senador Wellington Fagundes (PR) teria sido o principal beneficiário do esquema de propinas existente na execução do programa MT Integrado, que previa o asfaltamento de quase 2 mil km de rodovias não pavimentadas com investimento de R$ 1,5 bilhão. A revelação consta na delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, no último dia 09 de agosto.

O esquema logo após Silval vencer as eleições de 2010. Wellington, à época deputado federal, teria exigido que a pasta de Infraestrutura fosse destinada ao PR e indicou Cinésio Nunes de Oliveira, que era servidor do seu gabinete em Brasília, para ocupar o cargo, o que foi aceito pelo ex-governador.

Quando as obras do MT Integrado, divididas em 67 lotes, passaram a ser executadas em 2011, Wellington passou a pressionar pelo pagamento de propina. A mesma pressão teria sido exercida sobre o Executivo por conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e deputados estaduais.

Silval relata que após conversa com Wellington, ficou acertado que Cinésio repassaria para o republicano 3% ou 4% dos valores pagos pelo Estado às construtoras que executavam o MT Integrado. A lista inclui Construtora Sanches Tripoloni, Construtora Equipave e Construtora Tripoli, que pertencente ao deputado estadual Ondanir Bortolini, o Nininho (PSD), e mais uma empresa que o ex-governador alegou não recordar o nome.

Segundo Silval, a propina da Construtora Tripoli era paga diretamente por Nininho a Wellington. As outras empresas repassavam para o adjunto da pasta de Infraestrutrua Valdisio Viriato.

Conforme a delação premiada, Valdisio repassava os valores ao ex-chefe de gabinete Silvio Corrêa que fazia chegar a Silval. A propina teria sido calculada sobre os R$ 700 milhões executados até 2014. Assim, a propina, se foi tirado 3% a 4%, fica entre R$ 21 milhões e R$ 28 milhões. 

Duas empreiteiras não teriam pagado a propina. A Trimec Construções e Terraplanagem ficou de fora do esquema porque o proprietário Wanderley Torres havia assumido dívidas de Silval. Já a Construtora Enza não pagou propina por ter vendido área de garimpo para Silval em sociedade com o ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (PSB), os empresários Wanderley Torres e Valdiney Amorim, além do ex-secretário estadual de Meio Ambiente José Lacerda (PMDB).

Calote

Na delação premiada, Silval também revela calote de algumas empreiteiras. Segundo o peemedebista, as empresas se comprometeram a repassar as propinas e não cumpriram.

Sobre a destinação, Silval diz acreditar que parte do dinheiro das empreiteiras do MT Integrado pagou propina para conselheiros do TCE e deputados estaduais. Além disso, pagou dívidas de campanhas realizadas no período.

Dívida com Piran

Além dos já citados, Silval declarou que o ex-secretário de Estado Pedro Nadaf também participou do esquema de propinas. Inclusive, teria repassado cheques das construtoras do MT Integrado para pagar dívidas com o empresário Valdir Piran que podem ter chegado a R$ 8 milhões.

Outro lado

Wellington está retornando da Rússia onde cumpre missão oficial e promete se pronunciar após a análise do teor da delação de Silval. Nininho também aguarda o momento adequado para se pronunciar. Cinésio, Valdisio e Nadaf não foram localizados para comentar as acusações.

Texto: RD News