Polícia apura ligação de grandes fazendeiros com quadrilha responsável por roubos de defensivos

As investigações feitas pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) apontam que grandes fazendeiros podem estar por trás da quadrilha desarticulada na última quinta-feira (12), quando foi deflagrada a ‘Operação Fim da Linha’, para desarticular uma organização criminosa especializada em roubos de defensivos agrícolas em Sorriso e outras 5 cidades de Mato Grosso. Os bandidos seriam responsáveis por 25% dos ataques ocorridos no Estado.

“Não posso afirmar que existam fazendeiros por trás de organizar os roubos. Porém, certamente existem grandes fazendeiros que são responsáveis por receptar estas mercadorias. Cada uma das cargas é avaliada em R$ 1,5 milhão. Conseguimos recuperar R$ 2 milhões em produtos. Imagina isto multiplicado pelos 11 roubos que eles foram autores”, disse o delegado Frederico Murta, que esteve à frente das investigações.

Ao todo, o prejuízo causado pelo grupo criminoso supera facilmente a casa dos R$ 5 milhões. As ações foram todas concentradas dentro do Estado, principalmente na região Médio-Norte, que é a mais visada pelo bando, apontado como o responsável por 25% dos roubos de agrotóxico.

“Tem alguém com dinheiro que está pagando estes produtos. A partir do momento em que não houver a demanda, o roubo deixa de ser atrativo. Assim como tráfico de drogas precisa do consumidor. Quando é dinheiro, o ladrão pega e usa para outros fins. No caso dos defensivos, ele tem que repassar para alguém. Já temos uma linha, algumas pessoas observadas. O próximo passo deste trabalho é identificar e punir quem está receptando estas mercadorias”, pontuou o delegado.

Murta ainda pontua que esta é “uma modalidade um tanto quanto nova. O roubo de defensivo não é algo novo, mas a forma como estão fazendo, no estilo de cangaço, é que mudou. Esta primeira fase é para tirar de circulação estas pessoas que executavam os roubos. Fizemos buscas e apreensões, conseguimos importantes documentos, para identificar quem seriam os receptadores”.

Operação

A Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) deflagrou a operação “Fim da Linha”, com objetivo de cumprir 16 ordens judiciais contra a principal organização criminosa especializada em roubos de defensivos agrícolas em Mato Grosso. Em uma das ações ocorrida em uma fazenda, os criminosos roubaram cerca de R$ 1 milhão em agrotóxicos. Na tentativa de fuga, dois morreram em confronto com a Polícia Civil.

Entre os presos estão Fernando Serrando de Souza, conhecido como “Gordão”, Moisés Sales da Silva, o “Magrão”, Reinald Sthephanio Arouca de Moura, o “Rinodê”, Márcio Vieira Dias, conhecido como “Mineiro”, José Carlos Oliveira Duarte, o “Perninha” e Bruna Almeida Silva.

Outros dois integrantes do grupo, identificados como, Johne Ribeiro da Silva, o “John-John” e Cassiano de Lima Camargo, conhecido como “Cara de Arraia”, morreram durante confronto com a Polícia, no mês de outubro, ocasião em que um policial também ficou ferido.

Segundo a Polícia Civil, as investigações iniciaram há cerca de um ano, conseguindo desarticular a principal organização criminosa especializada em roubos de defensivos agrícolas no estado de Mato Grosso.

O grupo criminoso foi responsável pelo roubo ocorrido no mês de outubro em Lucas do Rio Verde. Na ocasião, após realizarem um roubo, os criminosos reagiram a uma ação policial no município de Lucas do Rio Verde, no momento em que faziam o transbordo da carga roubada.

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Texto: Wesley Santiago/Olhar Direto